Ingrid

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Havia fumaça, fumaça, pólvora, sangue e muitas outras coisas naquele campo de batalha. Quando cheiro de Bruce se apagou e o de fumaça e fuligem aumentos ela soube que ele também estava lutando.

Ela viu quando um soldado da Excalibur disparou seu rifle contra uma garota que usava uma máscara e perfurou sua barriga. A garota gritou de dor e o soldado não teve qualquer reação. Aqueles homens eram estranhos, eles não expressavam nada em meio a batalha, não reagiam a nada, apenas apertavam gatilhos.

Ela observou enquanto o soldado se aproximou da garota que se contorcia de dor no chão. Ele apontou a arma contra a máscara, só que antes que pudesse puxar o gatilho a moça passou uma rasteira no soldado e puxou uma faca dentro da bota, antes dele ter qualquer reação ela abriu os intestinos do soldado que nem mesmo gritou de dor. Foi então que o cheiro subiu e ela teve a confirmação de que precisava aquelas coisas não era humanas.

O corpo aberto do soldado tinha um cheiro quase de um processo de decomposição interrompido. Não sabia o que eles eram pois nada vivo deveria cheirar daquele jeito.

Ingrid tentou socorrer a garota, ela já estava fora de combate, não precisava morrer ali. Quando ela correu até a cena do ataque mulher mascarada sangrava muito o cheiro ferroso tomava conta do ar, mesmo assim ela se mantinha com a faca em mãos.

- Pode vir filho da puta! Vou abrir todos vocês semivivos que acham que conseguem me derrubar. – Urrou a garota tomada pelo estresse da batalha.

-Calma ai navalha nervosa. – Disse Ingrid ao agarrar a mulher mascarada pelo pé e arrasta-la para fora do campo de batalha.

- O que você pensa que está fazendo? – Gritou a moça balançando a faca sem qualquer êxito.

- Estou tirando o lixo pra fora. – Disse Ingrid com rindo do quão ridículo achava a mulher se esperneando. – E para de balançar essa merda antes que você se machuque mais!

Então um homem gritou de onde ela tinha começado a arrastar a mulher mascarada.

-Ei larga ela agora! Não vou permitir que a mate! – Gritou a voz masculina desesperada. – Betão pega ela!

Passos pesados avançaram na direção de Ingrid, enquanto ela se virava para tentar reagir foi atropelada e esmagada contra a parede da loja da costureira. Tanto ela quanto seu atacante atravessaram a parede do estabelecimento. Linhas, agulhas botões e destroços estavam para todo lado.

Ela foi agarrada e erguida mais de um metro do chão, para ser esmagada de novo por um braço pesado e rígido. Sentiu o ar ser expulso de seus pulmões quando um enorme e pesado pé a pisoteou nas costas. Sentiu as costas puxarem e suas costelas chegarem à beira de se partirem. Com esforço virou-se e viu seu atacante. Um monstruoso autômato de construção, um modelo que utilizado na abertura de minas extremamente resistente.

A máquina humanoide feita de ferro agarrou-se nas vigas da loja agora em ruinas para manter seu equilíbrio, levantou seu pé direito na direção do peito de Ingrid. Ela ainda buscava recuperar o ar de seus pulmões quando percebeu o brasão marcado na lataria da máquina uma caveira prateada o símbolo das indústrias Corin.

A máquina se soltou das vigas deixando o corpo cai em direção a Ingrid para esmaga-la com seu pé quando foi interrompida. Garras haviam se encravado na lataria e uma força monstruosa impedia o autômato de cair, uma força tão grande que fez a máquina de uma tonelada inclinar-se para o outro lado e tombar como uma tartaruga sobre seu casco.

- Um autômato das indústrias Corin. – Manifestou a voz gutural e animalesca da fera. - Como se não bastasse aquele filho da puta pisando em mim metaforicamente. – Um rugido de ira de Ingrid que foi seguido por um suspiro de satisfação. -Infelizmente vou ter que dizer para ele que seu robozinho deu perda total.

Tal qual como o autômato ela ergueu seu punho como um pêndulo e desferiu contra a chapa de ferro no peito da máquina. A chapa afundou e o punho de Ingrid ficou marcado em relevo. A máquina ainda tentava se erguer, mas com o golpe seu braço começou a travar e perder mobilidade, algumas engrenagens e parafusos se soltaram de dentro de seu corpo, e antes que pudesse levantar-se veio o segundo golpe que grudou a chapa do peito com a das costas.

O corpo do robô agora tinha formato de "u" e Ingrid abusando de sua força descomunal o chutou para fora da loja fazendo o rolar e se arrastar pelo campo de batalha. Assim que ela saiu de dentro da loja ouviu vozes que não soube definir se eram dos ladrões ou dos habitantes da vila gritarem desesperados.

- Monstro! Monstro!

- Valei-me santa Lilia, arauta dos penitentes, compadecida dos perseverantes!

- É um demônio da violência! Um corrompido da ira! Que mãe Glória tenha piedade de nós.

AmaldiçoadosOnde histórias criam vida. Descubra agora