Ingrid IV

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Ingrid

Bruce marcou de se encontrarem a noite para conversar, ele não quis entrar em detalhes quanto ao assunto, mas parecia importante. Marcou de se encontrar na entrada para as minas na terceira montanha, um lugar isolado, ele parecia estar um pouco paranoico, durante a conversa fez questão de quem ninguém os ouvisse.

A entrada para as minas na terceira montanha era afastada da cidade, um caminho pouco iluminado e tortuoso, o que para Ingrid nunca foi um problema. Podia ver perfeitamente com a pouca luz que as luas emitiam por dentro do bosque. Pelo que se comenta na cidade aquelas minas estão abandonadas a alguns anos, um acidente aconteceu e o lugar foi deixado de lado, depois de um tempo fauna e flora tomaram conta e as pessoas não se aproximavam mais. Pode sentir a presença de Bruce de longe, ele havia diminuído a bebida, mas não parou com os cigarros o cheiro se impregnava por tudo. Ingrid tem o nariz sensível e muito preciso, capaz de sentir um cheiro e nunca mais esquecer, uma excelente rastreadora. A maior parte dos trabalhos que realizava com Carla na ordem eram missões de rastrear e abater, rastrear e resgatar ou fazer reconhecimentos como batedoras. Via na entrada da mina os olhos de Bruce pegando fogo.

Ele a recebeu com um sorriso, mas podia ouvir seus batimentos acelerados e sua respiração pesada, estava ansioso.

-Aqui podemos conversar sem que ninguém nos atrapalhe. -Ele olhou ao redor, os olhos exalavam labaredas alaranjadas e intensas, seus olhos eram como carvão completamente acesso e a pele em volta se acendia com rachaduras que emitiam luz. – Tenho pensado sobre algumas coisas, quero que me escute. – Disse de maneira calma e lenta, claramente queria que ela prestasse atenção.

-Okay. Só uma coisa antes. – Bruce era uma figura que Ingrid conhecia bem, mas pelas palavras de outros, havia ainda muitas coisas que queria saber. -Eu tinha ouvido um boato sobre isso, mas nunca levei muito a sério.

- O que? - Seus olhos se apagaram voltando a ser castanhos e ter a mesma aparecia de cansados. Bruce sempre parecia estar desanimado, antes achava que era a melancolia, mas ele já havia melhorado, aquele era seu jeito de ser, ele parecia sempre o olhar o mundo de maneira lenta como se estivesse exausto.

- Seus olhos flamejantes. Quando os acólitos falavam sobre você e os outros aprendizes de cardiais, diziam que você tinha olhos de fogo e que podiam ver a alma e os pecados dos inimigos. Eu sempre achei que era um monte de bosta.

- É um pouco exagerado mesmo. Eu posso ver o calor que é gerado no corpo de seres vivos. Algumas coisas não emitem calor e se disfarçam com a natureza. Mesmo assim é útil p saber se tem possíveis ameaças por perto. – Disse enquanto deu mais uma observada nos arredores, mesmo com seu jeito tranquilo parecia nervoso.

- Você está sendo bem cauteloso, quem está tentando espionar a gente?

-Eu não sei ao certo. Acho que descobri coisas que não deveria e que cheguei a conclusões perigosas. – Fez uma pequena pausa. Sua respiração havia ficado mais pesada, e seus batimentos aceleraram. -Sinto que algo está estranho, como se descobri algo que não deveria saber. Mas isso é assunto para o fim da conversa.

- Se acalma, não vai enfartar no meio da floresta. – Toda a cena estava começando a irrita-la, paciência não era seu forte. -Certo, põe pra fora. Me trouxe pro meio do mato pra que? Vai me matar e não queria testemunhas?

-Eu quero começar uma guilda de mercenários, e quero que você faça parte. – Falou de maneira clara e com os olhos fixos nos seus. Foi a primeira coisa que disse desde que havia chegado com a qual não estava nervoso.

-Bem, você disse isso de maneira séria, então não é uma piada de mau gosto. - Aquilo a pegou de surpresa, ficou quieta por instante pesando no que dizer. Eram raras as ocasiões onde parava para pensar antes de falar. - Eu não decidi se voltaria pra ordem ou não, mas honestamente achei que depois de toda essa cena você voltaria. -Não sabia o que fazer com a informação e não havia refletido no que faria depois de tudo aquilo. Precisava arranjar uma forma de pagar suas contas e não tinha capacitação pra muitos empregos que não envolvessem enfiar a porrada nos outros. Mas o fato de que ele estava cogitando não ser mais um membro da ordem a pegou desprevenida. -Bruce, você ouviu o que acabou de dizer? Você é um herói! Você é muito otário pra querer se afastar disso. Tem tudo, mega cargo na ordem, você pode fazer coisas incríveis lá, vai largar tudo pra virar mercenário? – Sentiu o nervosismo afeta-la, ficou ansiosa e inquieta.

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