Ingrid

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Disparou na direção da matriarca contando com que Bruce impedisse a capela de atrapalhar. Diante da fera colossal sentiu um arrepio na nuca, o cheiro que exalava era intenso e se misturava com um odor profano, o assassinato do espírito da montanha marcou o monstro. Seu impulso era finalizar aquilo o mais rápido possível, mas como Bruce havia dito humilha-la seria mais efetivo.

A criatura ergueu-se, seu corpo era robusto e musculoso, em um ataque direto o braço monstruoso foi na direção de Ingrid. O golpe foi rápido, tinha a potência de uma bala de canhão, a matriarca tinha força capaz de destruir árvores grossas e até perfurar paredes. Confiante em sua força, a fera tentou finalizar tudo com aquele golpe. Ingrid não era uma guerreira colossal como a besta, mas fraca certamente não era a palavra para descrevê-la. Em um movimento sutil e preciso alinhou sua postura e permitiu que o monstro acertasse sua testa.

Sentiu o impacto direto, a força do golpe a empurrou para ser arremessada e se chocar contra o chão. Ingrid rilhou os dentes, fez uma pressão absurda nos joelhos e nos pés empurrando o chão na direção oposta do ataque. Não foi derrubada, mesmo assim seu corpo recuou um pouco e seus pés se arrastaram contra o chão pedregoso da cratera. Os ossos da mão do monstro se romperam e se deformaram com o impacto. A matriarca ficou surpresa.

Ingrid aproveitou a janela que surgiu quando a oponente sentiu a mão ferida. Antes que a fera recuasse em reflexo, Ingrid agarrou o braço perfurando sua carne com as garras. Projetou seu corpo para perto da besta usando o agarrão como alavanca, usou o braço livre e arranhou o abdômen da fera. Não eram ferimentos profundos o suficientes para ferir órgãos vitais, mas fizeram a inimiga sangrar e ganir. A matriarca em resposta acertou uma cotovelada nas costas de Ingrid, a garota uivou com a dor, mas não se deixou abater.

Aproveitando-se da curta distância entre ela e a fera, agarrou a parte interna da coxa do monstro e se jogou para trás, suas garras rasgaram fundo a carne e sangue espirrou. A matriarca tombou, com a mão que não estava ferida agarrou o corte buscando aliviar a dor lancinante.

A garota tentou se aproveitar da oponente distraída pelos ferimentos, saltou na direção da jugular do monstro, mas foi agarrada em pleno ar, a matriarca a arremessou para longe. Ingrid caiu de maneira desastrada e abrupta contra o piso de pedra, levantou-se, suas roupas se rasgaram ao rolar no chão, mas em sua pele os arranhões eram pequenos, insignificantes.

Ingrid sentiu gosto ferroso em sua boca, era seu sangue fervendo e correndo por todo corpo, a fera dentro de si havia despertado, sentiu seu cabelo crescer, as garras afiaram-se, os cheiros do salão invadiram sua mente. O cheiro da carne e pelo queimados que Bruce estava criando ao matar os outros marrentos pelo ninho estavam mais presentes, mas foram sumindo. Sua mente já tinha distinguido entre aqueles tantos odores e focado nos únicos que importavam, o cheiro de sangue misturado com o que exalava da carcaça nojenta que era sua presa.

Ela correu na direção da matriarca, a fera tentou agarrá-la, mas a garota escorregou pelo chão de pedra por baixo do golpe deslizando entre as pernas do monstro, suas roupas rasgaram ainda mais, já não passavam de trapos. Aproveitou-se do movimento e rasgou novamente a perna da fera com suas garras, e a matriarca grunhiu em dor. Levantou-se, a matriarca girou buscando atingir Ingird com uma cotovelada, a garota aparou o golpe, agarrou o braço da fera, e com grande esforço a lançou contra o chão. O enorme corpo da besta acertou a pedra, não foi capaz de se proteger durante a queda.

Ingrid recuou esperando o monstro se levantar. A matriarca estava furiosa, quando se levantou bradou salivando e exibindo seus dentes enormes e amarelos, o hálito nojento preencheu o ar.

-Como pode? Como esse inseto me derruba? - A voz era como um grunhido, rouca, não era natural emitir aqueles sons, a garganta se arranhava para falar.

Ingrid com seus comentários ácidos e pensamentos cínicos não perdeu a oportunidade e com tom de deboche respondeu a fera.

AmaldiçoadosOnde histórias criam vida. Descubra agora