Adael IV

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Já havia se passando alguns dias desde que Carla partiu e Ingrid claramente sentia sua falta. Com a convivência Ada pode a conhecer melhor não era alguém de má índole, no fundo tinha um bom coração, porém estava constantemente perdida em seus sentimentos e inseguranças. A forma como agia sendo rude não passava de uma maneira para evitar proximidade dos outros para não se machucar mais. Mesmo assim, Ada queria achar uma forma de ajuda-la. Carla confiou que eles a ajudariam, então precisava encontrar uma maneira de se aproximar de dela e ganhar sua confiança.

Como não sabia o que fazer, resolveu dar um passeio para esmaecer as ideias. Desde que Carla foi embora ficou pensando no que ela disse sobre ele ir ver seu pai e resolver as coisas. Contudo, não tinha a coragem para estar frente a ele depois de tudo que aconteceu. Mesmo que ele entendesse a situação, não iria amenizar a culpa que sentia. O que aconteceu foi resultado de suas ações, foi resultado de sua fraqueza.

As ruas da cidade estavam movimentadas. Era época de colheita, pessoas se reuniram para fazer negócios, trocar produtos e aproveitar o entretenimento que vinha a cidade durante essa época. Pelas ruas muita gritaria e aglomeração, mesmo em toda aquela bagunça havia ordem, as pessoas se entendiam tornavam tudo aquilo orgânico. Começou a andar pelo mercado, observando os diversos produtos, algumas pessoas de fora trouxeram coisas diferentes para a vila como autômatos, homúnculos, e equipamentos diferentes. Também veio um parque itinerante, trazendo diversas atrações. Ia cumprimentando os habitantes da vila enquanto andava pela enorme feira que tomou o centro da cidade. Ganhou uma fama junto a Bruce, gostava de retribuir a atenção que as pessoas davam a eles, afinal, se tornaram responsáveis por aquelas pessoas e faziam questão de exercer essa função. Robb de começo ficou frustrado por ter escondido suas habilidades, mas entendeu seus motivos e deixou serem águas passadas. Ada tinha medo que as coisas não se resolvessem tão bem, porém viu que estava errado em não confiar no amigo.

Uma banca chamou sua atenção. Tratava-se de uma carroça que tinha vindo de fora da cidade, se expandia abrindo mesa para exposição com uma tenda. Podia ver que por dentro a carroça era maior que fisicamente aparentava, dentro havia uma bancada onde eram feitos os arranjos, também tinham vários vasos e pequenas estufas onde cresciam plantas diferentes. Talvez um mago boticário, que deveria trabalhar com plantas exóticas para fazer remédios. Na banca de exposição varias flores bonitas e belos arranjos. Ao se aproximar foi atendido por uma moça gentil, cabelos loiros, olhos grandes lilases e um rosto muito bonito de lábios pequenos e delicados, mas não finos. Bochechas rosadas na pele levemente parda como se tivesse sido pintada em tela. Pode ver as emendas que saiu por de trás das orelhas e desciam pela lateral do pescoço, que por sua vez seguiam os ombros e os braços a te se emendar nas pontas dos dedos. Um homúnculo, feito com muito esmero. Claramente algo feito sobre encomenda, não era como os modelos industriais, padronizados e simplistas.

-Bom dia meu jovem, seja bem-vindo a loja de "Maravilhas Monte Negro"! –Ela estendeu os braços e girou no próprio eixo exibindo o mostruário. –Se achar algo que lhe agrada me avise.

-Obrigado moça. São tantas coisas e flores tão bonitas que é difícil escolher. -Sorriu gentilmente como fazia de costume. Era comum as pessoas tratarem homúnculos e autômatos como animais ou propriedade, mas eles eram expressivos e tinham suas próprias personalidades. O sorriso que ia de orelha e fazia as bochechas oprimirem os olhos fez com que a garota retribuísse de maneira sincera, ficando genuinamente feliz. -Estou procurando algo para alegrar uma amiga, para motiva-la a se empolgar mais com a vida. Pode deixar que se eu escolher algo a avisarei.

Viu algumas flores que sua irmã adorava, ainda que na maior parte do tempo ela tentasse parecer indiferente com tudo que não tinha haver com seus objetivos. Vanessa gostava de se mostras distante e madura. Ela sempre queria se parecer mais com seu pai. Mas Ada a conhecia melhor que ninguém, sabia que ela era muito gentil e protetora, mas nunca deixava isso escapar. Sentia sua falta. Era tão sabia, poderia ajudá-lo e seus amigos a encontrarem seus caminhos. Queria comprar aquelas flores para ela, todavia quando chegasse a seu túmulo já estariam murchas. Sua casa estava a dias de viagem e não podia retornar, ou melhor, não queria. Como sentia falta da irmã, sentiu um aperto no coração, se fechasse os olhos podia ver toda a cena como um filme em sua mente. Suas últimas palavras foram encravadas em sua alma tal qual em um livro que ela tivesse escrito em suas páginas.

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