Carla II

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Já haviam se passado algumas horas, Ingrid andava de um lado para o outro sem parar, Carla podia sentir a impaciência dela. A população a sua volta claramente insegura, mantinham-se afastada as rodeando, tecendo comentários sobre a situação. Falavam sobre elas terem agredido seu protetor e amigo, que foram cruéis covardes atacando de surpresa o pobre garoto Ada que não tinha feito nada, perguntavam se seriam os próximos a serem feridos, queriam saber o motivo de estarem atrás de Bruce. Carla não se sentia a heroína que sempre buscou ser, não estava inspirando aquelas pessoas, só as trazia medo. Não sabia o que fazer, não tinha o que era necessário para alterar a situação. Quando olhava para o prisioneiro se sentia pior ainda, o garoto a encara como se soubesse o que passa por sua cabeça, havia compaixão em seu olhar sentia sua empatia com ela e isso a encheu ainda mais de culpa.

-Você parece nervosa, como se carregasse arrependimentos. Quer conversar? – Aquela pergunta não foi irônica. O semblante caridoso lhe passando segurança a quebrou mais do que já se sentia quebrada. Devastador estar fazendo aquilo com alguém que mesmo depois de tudo não matinha rancor. Podia sentir ele realmente se preocupar com ela. –Algumas situações são difíceis, você deve estar passando por muita coisa, ele também está. Tente não pegar pesado com ele. –Sabia que o garoto se referia a Bruce, queria saber o que tinha acontecido com a Lenda que ele era. O que o garoto queria dizer? O que levou alguém tão renomado e desertar da Ordem?

-Não se preocupe comigo, se quer ajudar seu amigo deveria ter revidado quando teve a oportunidade, essa situação não tem mais volta. Quando se rendeu você selou o destino dele. –Exteriorizar aquilo parecia a mutilou ainda mais, como podia falar aquilo com tanta naturalidade. Mas não podia abandonar sua amiga. –Não é por mim é por ela, temos uma missão e se isso vai ajuda-la precisa ser feito!

-Vai ficar tudo bem, eu confio nele, ele vai saber como resolver essa situação. Caso ele não de conta eu ainda estou aqui. –Seu tom confiante não de forma arrogante, mas cheio de fé ele não possuía duvidas em Bruce isso o enchia de confiança. Ela já teve essa confiança em Ingrid e em si, porém isso foi degradado pelo tempo. –Se eu achar que ele fez a escolha errada vou ajuda-lo! Vou dar meu máximo para chegar ao melhor resultado possível! Se isso é o melhor para sua amigar tudo bem. Eu entendo você seguir esse caminho.

-Não tem mais como voltar atrás. Se você acha que tem o que é preciso para impedir o que vai acontecer aqui hoje, impeça! –Aquelas palavras não tinham valor, o garoto estava a poucos ferimentos de desmaiar, já sabia como aquela situação ia acabar, mas queria só ter que tirar uma vida.

As nuvens cobriram a lua e as estrelas, o céu tornou-se como seu espirito apagado e incerto. Queria rezar para sua Santa, contudo diante de toda desolação que causava se sentia indigna. Perguntava-se em que momento perdeu o que o garoto e Bruce têm. Ao olhar para Ingrid só sentia era remorso e desamparo. Não tinha como ajuda-la a ir além daquilo, ir atrás do melhor caminho possível. Queria poder saber tudo que passava por sua cabeça, queria poder mostra-la que podiam superar tudo juntas, porém não tinham esse tipo de relação. Estavam juntas, mas não lado a lado, independente do quanto a amava, Ingrid não era capaz de depositar seu destino na mão dos outros, ela não se sentia segura no abraço, sempre houve distância, ela sempre será insegura, a família a havia quebrado demais. Depois de um tempo perdida em seus próprios pensamentos a voz do prisioneiro roubou sua atenção.

-A lança que você carrega, preta com esse aço vermelho a atravessando é uma das replicas do "Ferrão de Santa Kiana" né? Fiquei sabendo que dois anos atrás a notória Bruxa de Campo das Lebres foi morta por uma das seguidoras de Santa Kiana. Disseram-me que ela salvou varias crianças do covil da Bruxa e derrotou tanto a bruxa quanto um soberbo que a servia.

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