Nem tudo é fácil como parece.
Conquistar Khaotung pela primeira vez em nossas vidas foi fácil já que, por pura sorte do destino - que no fim me pregaria uma peça muito maldosa - ele já havia se interessado por mim desde que nossos olhares se cruzaram. Porém, é como dizem: a sorte não bate duas vezes na mesma porta.
E, se não dizem, eu estou dizendo agora.
Conquistar Ray não seria nem um pouco simples como foi com Khaotung. A começar pelo fato de que eles eram pessoas completamente diferentes, enquanto que eu permanecia exatamente o mesmo - algumas rugas a mais sob a luz do sol e falta de calor e batimentos cardíacos à parte, eu não havia mudado nada nesses mais de mil anos.
Eu, do jeito que era, não tinha a menor chance de conquistar Ray como conquistei Khaotung.
Isso se tornava óbvio enquanto eu assistia, com o maxilar travado e os punhos cerrados, o homem da minha vida beijando outro - alguns minutos depois de ter me beijado. Eu ainda sentia a sensação morna de sua boca na minha e a ardência de seus dentes no meu pescoço.
Como ele podia ter se esquecido tão rápido do momento que tivemos ainda agora? Pra mim havia sido como uma conexão, a certeza de que eu o teria de volta.
Khaotung só havia me deixado beijá-lo quando já tínhamos declarado nosso amor diversas vezes, depois de muitos encontros, mãos dadas, abraços e fungadas no cangote. Quando ele, finalmente, permitiu que nossos lábios se encontrassem em um beijo tão puro e inocente, eu senti como se fosse tê-lo para sempre.
Agora eu via que com Ray as coisas não funcionavam bem assim.
Cada vez que eu o via grudando mais o seu corpo no daquele outro homem, aquelas mãos o alisando, tocando em lugares que um dia ousei pensar que só seriam tocados por mim, a raiva crescia em meu peito.
Não era raiva de Ray. Nem do outro rapaz. Mas de mim.
Eu estava com raiva de mim. Do destino. Do pacto.
De Mix. De Off.
Do próprio Lucifer.
Eu precisava descarregar toda aquela frustração e remorso.
Meus cabelos balançavam enquanto eu sentia o vendaval que se iniciava, carregando copos e papéis consigo. Encontrei o olhar de Off do outro lado da multidão e, antes que ele pudesse dizer alguma coisa, eu sumi.
☾✩☽
O quarto de Mix era domínio proibido para todos do clã.
Menos pra mim.
Me materializei em frente à sua cama e soube, no mesmo instante, que ele não estava ali. Fechei meus olhos e tentei canalizar toda a minha força nele.
Eu não sabia se aquilo era algo que vinha com o pacto ou se dava pelo fato de que nós três sempre tivemos uma ligação muito forte; mas o fato era que conseguíamos sentir quando o outro estava por perto ou tentando se comunicar. Não chegava a ser uma leitura de mente ou telepatia, nós não podíamos ouvir os pensamentos uns dos outros, mas era uma sensação forte. A mesma que eu tinha sempre que Off aparecia em minhas aventuras fora da mansão - e era a mesma razão pela qual ele sempre sabia onde me encontrar.
Não demorou muito até que eu senti sua presença.
Mix apareceu perto da janela. Seu semblante estava carregado e ele parecia contrariado ao me ver ali.
- Você sabe que não gosto que entrem aqui sem a minha permissão - falou - Até mesmo você.
Soltei o ar pelo nariz em desdém e olhei fundo em seus olhos.
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In a different life - FirstKhaotung
VampireFirst é um vampiro que jamais conseguiu superar a perda do seu único e verdadeiro amor mesmo depois de séculos da sua morte.