Depois do que pareceram séculos, eu finalmente tive uma boa noite de sono. Podia sentir o calor do corpo morno de Khaotung do meu lado, o peso da sua cabeça no meu ombro e do seu peito sobre o meu, o ar quente de sua respiração batendo no meu pescoço e, ao longe, ouvia as batidas do seu coração - que era melhor que qualquer canção de ninar. Eu dormi e acordei com um sorriso no rosto, pois a primeira coisa que vi ao abrir os olhos foi o topo da sua cabeça com os cabelos escuros bagunçados. Imediatamente me inclinei, inalando e sentindo o cheiro do shampoo que usamos naquela manhã antes de deitarmos pra dormir.
Senti uma presença a mais no quarto e apertei meus braços em volta do corpo de Khaotung instintivamente antes de ver que era Namtan quem estava ali. Ela sorria pra mim, parecendo genuinamente feliz, e aquilo aqueceu meu coração mais ainda. Sorri de volta antes de encaixar meu rosto no cabelo de Khaotung novamente.
Então ele se remexeu, afundando mais o rosto no meu pescoço e gemendo.
- Bom dia - ouvi sua voz grave resmungar próximo do meu ouvido e todo aquele lado do meu corpo se arrepiou.
- Boa noite - corrigi e ele soltou o ar pelo nariz em uma risada - Com fome?
Khaotung não respondeu e eu franzi o cenho. Ele não se alimentava de comida há uns dez dias, considerando que ele não se alimentou enquanto estava sequestrado.
- Tung? - chamei e ele ergueu o rosto, abrindo os olhos afinal.
Khaotung abriu a boca pra me responder quando seu olhar se desviou pra direção onde Namtan estava e ele franziu o cenho.
- Eu tô alucinando ou tem uma mulher no nosso quarto? - perguntou e eu ri, olhando naquela direção também.
- É o demônio que me ajudou a te salvar.
Khaotung pareceu estudá-la por alguns segundos, sua expressão neutra, e eu não sabia se aquilo era um bom sinal.
- Obrigado - ele disse, formal como seria se fosse Mix ali e, por algum motivo, aquilo não me aliviou.
Eu conhecia Khaotung bem até demais. Apesar de grato, ele não gostava muito dela.
Namtan soltou uma risadinha, provavelmente lendo minha mente e entendendo o que acontecia ali. Ainda bem que ela não se importava.
- Disponha - respondeu - Eu faria tudo pra ver o First feliz.
Namtan...
Tentei gritar em minha mente pra que ela não fizesse aquilo. Apesar de conhecê-la há pouco tempo, sabia muito bem que estava falando aquilo apenas pra provocar Khaotung.
E conseguiria.
Vi quando ele estreitou os olhos minimamente, tentando ao máximo não demonstrar o nó de ciúmes que eu sabia que se formava em sua garganta e forçou um sorriso.
Então ele se afastou, puxando o lençol consigo e se enrolando nele, me deixando totalmente exposto.
- KHAOTUNG! - gritei, puxando o travesseiro e cobrindo minha virilha com ele.
Khaotung me ignorou e seguiu seu caminho até o banheiro, batendo a porta - e a trancando.
Encarei Namtan puto e ela tentava segurar a gargalhada.
- Você num é, tipo, totalmente gay?! - ela perguntou quando conseguiu suprimir o ataque de riso e eu bufei, me sentando ainda com o travesseiro entre as pernas.
- Sou... mas o Khaotung tem ciúme de atenção, carinho. Eu não sei explicar muito bem, mas não é como se ele achasse que eu vou trair ele e sim que vai aparecer alguém que vai me levar embora.
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In a different life - FirstKhaotung
VampireFirst é um vampiro que jamais conseguiu superar a perda do seu único e verdadeiro amor mesmo depois de séculos da sua morte.