Prólogo

876 60 24
                                    

7 de Dezembro, 2017

Era uma noite chuvosa no município de Daegu, cidade pertencente à Coreia do Sul, o barulho da chuva batendo contra o chão realizava a mesma função de um calmante. A população estava calma, sequer se via um carro passar na estrada ou barulho de alguém na rua, apenas a tranquilidade e os sons da natureza eram ouvidos. Uma pena a tranquilidade não ter chego a mim.

Enquanto todos deveriam estar dormindo, eu estava no banheiro da casa que divido com meus pais e encarava estática o objeto em minhas mãos. Já não bastava ter passado por tudo aquilo, agora eu teria algo que me faria lembrar de tudo o que passei sempre que olhasse.

— Positivo!? - Eu sussurrei com a voz trêmula e chorosa, meus olhos cheios de lágrimas, agora choravam desesperadamente, minha visão ficou turva e eu mau consegui manter o equilíbrio.

Apoiei-me sobre a pia e sentei-me no chão, uma mão segurava o teste de gravidez e a outra estava na minha cabeça.

Minha vida parecia ter acabado ali.

Mesmo depois de tanto sofrimento, a vida não parece querer me dar uma trégua. Era como se eu tivesse um espírito obsessor agarrado à mim. Nada da certo para mim e quando as coisas parecem melhorar, algo ruim aparece para me afetar e quando não consegue, outras milhares de coisas piores ainda acontecem em seguida apenas para me derrubar de uma vez só.

Minha menstruação estava atrasada, mas eu pensei que fosse por conta da anemia na qual fui diagnosticada há alguns meses, não uma gravidez maldita.

O que será da minha vida agora?!

— Minjeong, o que você está fazendo para demorar tanto?! Saia já!

Ouvir a voz da minha mãe já era desesperador em momentos comuns, ouvir agora era pior em tantos níveis. Levantei as pressas, sequei meu rosto molhado pelas lágrimas e joguei o teste no fundo do lixeiro, impedindo de que alguém pudesse ver e finalmente saí do banheiro.

— Eu já estava saindo, desculpe.

— Você deveria estar dormindo. - Disse ela, seu rosto sério como sempre, o olhar frio encarava os olhos tristes da ruiva, transmitindo superioridade. - O que você tanto fazia? - Senti meu corpo ficar rígido.

— Apenas minhas necessidades. - Consegui disfarçar meu nervosismo.

— Vá para o seu quarto. Não quero te ver por aqui novamente.

Eu apenas concordei e me afastei dela o mais rápido possível.

Kim Taeyeon é alguém extremamente assustadora, não vejo a hora de sair dessa casa e ficar o mais longe possível dela. Seu olhar frio sem qualquer brilho me apavora, seu rosto sem expressão e pálido parecido com um defundo. Sua voz grave e intimidadora.

Mas nem mesmo o quão aterrorizante ela foi durante a minha vida inteira; sofrer abuso sexual pelo seu próprio tio desde os oito anos de idade, acabar engravidando e ter que gerar por nove meses um feto fruto de estupro era muito pior.

Eu estava grávida do meu tio, irmão do meu pai, eu nunca quis manter nenhuma relação com ele além de tio e sobrinha, como eu vou criar sozinha uma criança? E se eu não conseguir sentir amor materno por ela? Afinal ela foi gerada em um dos piores momentos da minha vida.

Bruised | WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora