Chapter eight

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07 de Janeiro, 2018

Depois que Taeyeon finalmente foi embora, senti todos os sentimentos que eu havia reprimido por todo esse tempo todo caírem sobre mim de uma vez só. Tudo o que eu sentia sobre a minha situação dos meus pais veio a tona, me destruindo emocionalmente. Meu pai morreu, minha mãe está depressiva e o genitor do meu filho ainda está solto mesmo depois de todos seus crimes cometidos.

Eu queria me isolar, mas também queria ser acolhida por alguém, ter alguém secando minhas lágrimas e falando que tudo ficaria bem. Eu não tenho ninguém.

Aeri vai trabalhar e logo em seguida terá que ir para a faculdade. Yizhuo me avisou que iria para a casa dos pais. Ou seja, eu ficarei sozinha pelo resto do dia.

Uma vontade imensa de chorar me invadiu, mas eu precisava trabalhar. Engoli o choro e continuei meus afazeres mesmo tendo minha visão turva pelas lágrimas.

Eu não pude me despedir do meu pai, nosso último momento juntos foi terrível, mas eu ainda o amava. Vou guardar para sempre as lembranças de quando ele estava me ensinando a andar de bicicleta, ou de quando ele me ensinava a fazer biscoitos com gotas de chocolate que eram sua especialidade. Ele não era muito carinhoso, mas quando resolvia mostrar afeto, ele se mostrava ser o melhor pai do mundo.

— O que aconteceu, Kim? Você ficou estranha depois que aquela mulher saiu... — Joohyun perguntou.

— Ela não é ninguém importante.

— Minjeong, eu te conheço e sei quando algo está errado. Vamos, me diga, o que aconteceu?

Suspirei, é impossível esconder algo da Bae.

— Ela é a minha mãe. — Sussurrei. — Ela acabou de me contar que o meu pai faleceu. — Desviei o olhar para o chão, tentando não fazer contato visual com a mais velha. Detesto que me vejam tão vulnerável.

Joohyun ficou um bom tempo em silêncio e eu me amaldiçoei por ter contado a verdade para ela ao invés de ter dado uma desculpa.

— Omo... Minjeong, eu sei que nada que eu disser vai te confortar da forma que eu queria, mas eu sinto muito! — Ela se aproximou. — Vá para casa, fique a semana de folga, você não pode trabalhar nesse estado! — Ela me puxou para um abraço forte.

[...]

Fiz um macarrão instantâneo para o meu almoço e comprei uma garrafa de Soju para acompanhar. Eu sequer iria comer, mas o meu bebê precisava disso.

— Estou em casa! — Ouvi a voz de Aeri.

Ela não teria aula hoje?!

— Minjeong? As aulas da nossa universidade foi susp... — Ela parou de falar ao ver o que eu comia. — Você está tomando Soju? Isso tem álcool! — Ela pegou a garrafa da mesa e finalmente me encarou. — Isso faz mal para o bebê e provavelmente pode cortar o efeito dos remédios, e eu não quero te ver passando mal pelos cantos! — Eu certamente não precisava receber uma bronca ao vinte anos.

— Desculpa, eu esqueci que não podia tomar álcool... — Sussurrei.

Ela baixou a guarda e me olhou com preocupação. Eu estou tão feia assim?

— Minjeongie, você estava chorando? O que aconteceu? — Ela sentou perto de mim e levantou o meu rosto, o analisando. — Você chorou? Por que?

— Eu vi a minha mãe no trabalho hoje, ela me contou que o meu tio matou o meu pai. — Eu funguei e ela me olhou com um olhar assustado.

— O mesmo tio que abusou você por anos e te deixou grávida?

Eu concordei sentindo a vontade de chorar voltar de uma vez. Aeri não respondeu nada, ela provavelmente não soube como me responder, então ela apenas me abraçou e colocou minha cabeça sobre o seu ombro. Era tudo o que eu precisava.

Bruised | WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora