Chapter five

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04 de Janeiro, 2018

Há tanta coisa acontecendo na minha vida. Primeiro descobri que estava grávida. Fui expulsa de casa. Fui acolhida por uma pessoa que eu achava me odiar. Comecei a trabalhar pela primeira vez na vida. E tem uma mulher bonita e extremamente atraente, aparentemente, afim de mim. Nunca imaginei que no auge dos meus vinte anos eu teria passado por tanta coisa! E pior, tudo isso aconteceu em menos de três meses!

Algumas vezes eu tenho pesadelos com o fatídico dia no qual fui expulsa de casa. As vezes sonho que meu tio está abusando de mim mais uma vez e acordo chorando. Sorte minha que Aeri está dormindo no quarto do lado e sempre quando isso acontece, ela escuta e vem me ajudar a voltar a dormir.

Yizhuo depois que voltou para o trabalho quando suas férias acabaram, ela acabou se distanciando de nós, sua carga horária de trabalho é maior do que a minha e a de Aeri, mas graças à isso, seu salário é o maior.

Aeri abriu a porta do apartamento e esperou que eu entrasse para enfim fechá-la.

Olhei em volta e vi a bolsa de Yizhuo em um sofá junto de algumas pastas com documentos que pareciam importantes.  A loira estava em casa.

— Eu vou subir, unnie... Eu estou realmente cansada, nós caminhamos muito! — Eu avisei e ela apenas concordou.

Entrei no meu quarto e fechei a porta, caminhei para a minha cama e deitei exausta.

Eu nunca mais irei acompanhar Aeri nessa loucura! Pensei.

Fechei os olhos e me aconcheguei sobre os lençóis. Olhei meu celular. Nenhuma mensagem dela. Suspirei cansada. Eu não irei conseguir esperar sua ligação acordada.

Aeri entrou no meu quarto sem bater na porta, o que acabou por me assustar e deitou ao meu lado na cama em silêncio.

— Chamei Yizhuo para jantar. — Ela se pronunciou pela primeira vez assustada.

Arregalei meus olhos em choque.

— Finalmente! O que ela disse? — Perguntei, curiosa. — Ter virado colega de quarto dela serviu para algo além de ficar mais próxima de nós, afinal! — Comemorei.

Ela continuou sem mover um músculo, mal piscava.

— Ela me beijou...

Minha boca ficou entreaberta pela surpresa e logo eu comecei a rir. Em todos os cenários que eu imaginei, nunca pensei que Yizhuo fosse responder uma declaração com um beijo.

— Porra... Por essa eu não esperava. — Eu ri fraco. — Sempre soube que ela também gostava de você, unnie!

— Depois nós comemoramos, Minjeongie. Eu estou muito chocada para isso!

Eu ri e voltei a me deitar na cama, ficando de costas para ela.

— Eu desisto! Eu tenho ansiedade! Como isso aconteceu? — Virei para ela.

— Ela foi para a cozinha e eu estava lá, ficamos conversando até que eu finalmente falei que gostava muito dela a chamei para sair... Eu só não esperava que ela fosse me beijar. — Ela sorriu desacreditada. — Ela me beijou, Minjeong! Ela me beijou!

— Eu tô tão feliz por vocês! Eu sempre soube que vocês iriam ficar juntas! — A abracei com força. — Ela falou que gosta de você também?

— Hum... Não. Ela só me beijou e saiu.

Franzi a testa em dúvida e estranheza.

Ok, isso foi inesperado e estranho! Pensei.

— Uma forma indireta de dizer que sente o mesmo? — Perguntei mais para mim mesma do que para ela.

— Não sei... — Ela fez biquinho.

Olhei para o teto pensativa.

Ficamos um pouco em silêncio e logo pudemos escutar algumas batidas na porta. Soube que era Yizhuo pelos intervalos das batidas.

— Pode entrar, Ning!

Ela abriu a porta e travou um pouco ao ver Aeri, mas logo entrou no quarto e deitou ao meu lado na cama.

— Senti tanta falta de ficar assim com vocês, o trabalho tá ocupando muito do meu tempo... — Ela suspirou me abraçando e puxando Aeri para deitar ao seu lado, assim ficando entre nós.

Eu sorri e as abracei.

— A gente te entende, Ning. É super normal, chegamos em casa e só queremos dormir, mas isso nunca irá afetar nossa amizade! — Beijei sua testa.

Aeri continuou em silêncio, apenas desfrutando daquele momento.

— Nós vimos a Jimin no parque hoje... — A japonesa comentou ainda tímida.

Yizhuo olhou para Giselle com um olhar diferente e eu vi suas bochechas ficarem vermelhas. Eu sorri fraco com a pequena interação delas.

— Então ela finalmente deu sinal de vida... — Yizhuo sussurrou ainda olhando para Aeri com aquele olhar estranho.

— Ontem à noite ela me mandou mensagem também! — Comentei. — E ela prometeu me ligar ainda hoje, mas até agora nada.

— Unnie, ainda é cedo, são apenas 19h00. — Yizhuo riu.

Suspirei impaciente.

— Ela realmente parece gostar de você, Minjeongie. — Aeri sorriu e beliscou a ponta do meu nariz.

— Eu nunca gostei de alguém antes, unnie. Ela vai ter que se esforçar se quiser ter algo comigo. — Resmunguei.

Aeri gargalhou.

— A forma que você ficou olhando toda boba para ela interagindo com a irmã dela, não me parece que ela vai ter que se esforçar tanto! — Ela exclamou.

— Ela sequer sabia que eu estava grávida, depois disso eu meio que tenho dúvidas se ela ainda quer algo comigo...

— Omo! Como ela descobriu? — Yizhuo perguntou surpresa.

— Aeri é uma grande fofoqueira! — Apontei.

— Ei! Foi sem querer! — Ela resmungou.

De repente meu celular começou a vibrar e meu coração acelerou.

— É ela? — Aeri perguntou.

Eu apenas concordei o que fez elas vibrarem em animação. Eu sorri e as expulsei do quarto. Elas saíram depois de muita insistência, mas não duvido nada de que estejam ouvindo tudo atrás da porta.

— Alô? — Foi o que eu disse após atender.

— Ei, Minjeongie... Eu demorei muito?

Minhas mãos ficaram trêmulas e todos os pelos do meu corpo se arrepiaram ao ouvir aquela voz rouca e profunda.

— N-não! Você ligou na hora certa...

Ouvi sua risada suave do outro lado.

— Eu gostaria de te levar para jantar essa semana, princesa. Você está livre?

— Oh! Você quer me levar para sair?! — Perguntei surpresa e ela concordou. — Antes de te responder, eu quero saber se você não se incomodou em saber que eu estou grávida.

— Eu nunca me incomodaria com isso, Minjeongie! Se eu estou afim da mãe, posso muito bem cuidar do filhotinho! — Ela zombou.

Eu revirei os olhos mesmo sentindo meu coração acelerar.

Porra...

— Eu aceito sair com você, Jimin-ssi.

— Não precisa ser tão formal, pode me chamar de Karina ou amor, como você preferir! — Ela provocou.

Eu apenas sorri com sua bobagem.

— Quando você está livre, princesa? — Ela perguntou.

— No sábado à noite, pode ser?

— Irei te buscar às 18h00, amor!

— Estarei te esperando, Jiminie. — Sorri.

Bruised | WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora