Chapter three

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03 de Janeiro, 2018

Ajoelhei-me contra o vaso sanitário e coloquei todo o meu jantar para fora. Era a milésima vez no dia que havia feito isso, não sei até quando vou aguentar.

— Minjeongie... Ei, você está bem? — Aeri questionou, seu tom de voz era preocupado. Ela adentrou o banheiro e segurou meu cabelo num rabo de cavalo, impedindo de que ele acabasse sujando.

Ela e Yizhuo sempre fazem isso, virou uma mania. Eu estaria sorrindo se não fosse a situação na qual eu estou.

— Yizhuo saiu para comprar o que você pediu, Minjie. Mas sério, morango e wasabi? — Ela fez cara de nojo.

Afastei-me do vaso sanitário, fechei a tampa e dei descarga. Aeri me ajudou a ficar em pé e eu me aproximei da pia para escovar os dentes.

Aeri saiu do banheiro ao ouvir um carro estacionar na nossa vaga e eu saí logo em seguida após ter terminado de escovar os dentes. Senti meu estômago doer, meu corpo ficar fraco e minha visão escurecer por alguns segundos. Eu teria ido ao chão se não fosse Aeri me segurando e ajudando a sentar.

Yizhuo abriu a porta e adentrou a cada sorridente, mas seu sorriso sumiu ao me ver no sofá com Aeri ao meu lado, abanando meu rosto.

Até essa criança nascer, eu irei passar bons perrengues.

Yizhuo deixou as compras no outro sofá e correu até a cozinha, pegou um copo de água junto dos meus comprimidos de vitaminas e me entregou.

— Você não tomou seus remédios, unnie? — Yizhuo perguntou, seu tom de voz era rígido, mas consegui ver a preocupação em seu olhar.

— Eu esqueci, desculpa...

— Você quase desmaiou, Minjeong! Tenha mais cuidado, por favor! — Dessa vez o tom rígido veio de Aeri.

Eu apenas concordei com a cabeça.

— Eu trouxe o que você pediu, unnie. Venha comer, você está muito pálida, parece até um fantasma! — Ela riu. — Aeri unnie, eu trouxe o seu bolo também!

Aeri sorriu e abraçou Yizhuo por trás, beijando o pescoço dela.

— Obrigada, Ningie!

Eu sorri com a cena. Estou vivendo para o dia que elas irão assumir um relacionamento.

— Ah! Ning! Minjeong vomitou todo o jantar. Onde está o remédio dela para enjoo? — Aeri perguntou.

— Eu já tomei ele hoje, unnie. Não posso tomar outra vez. — Eu avisei.

— Sim, a doutora disse que eles são muito fortes, tomar mais de uma vez pode causar uma overdose. — Yizhuo comentou.

— Mas ela vai continuar vomitando tudo o que come? — Aeri questionou.

— Seria pior se eu não tivesse tomando os remédio direitinho. — Comentei.

Yizhuo sorriu concordando e me abraçou por trás.

— No próximo mês, finalmente seu enjoo estará quase nulo e talvez iremos descobrir o sexo do bebê! — Ela lembrou, animada.

— Uma pena que eu não possa ir. — Aeri lamentou.

— Aquela bonitona da farmácia pode ir no seu lugar, Selle! — Yizhuo riu maliciosa.

Eu revirei os olhos.

Elas vão começar com isso de novo?

— Ela sequer me mandou uma mensagem, muito menos ligou ou deu um sinal de vida!

Peguei uma tigela e cortei o morango em cubos, abri o wasabi e misturei junto do morango.

Yizhuo olhou aquilo com nojo, já Aeri arregalou os olhos.

— Eu não achei que você fosse mesmo comer isso! — Aeri comentou.

— Você vai dar isso para o nosso sobrinho? Que nojo, Minjeong! — Yizhuo torceu o nariz.

Eu ri e olhei para a chinesa.

— Quer um pouco, Ningie? — Sorri sapeca e me aproximei dela com a tigela em mãos. Ela correu de mim antes que eu pudesse chegar perto, o que fez eu e Aeri rirmos.

— Vai oferecer isso para a sua namoradinha! — Ela franziu o cenho.

— Acho que eu vou morrer solteira! — Suspirei desanimada.

Ah! As mudanças imprevisíveis de humor!

— Nossa, que mentira, Kim! Eu namoraria com você se eu já não estivesse apaixonada por outra pessoa! — Aeri brincou.

Eu ri, sabendo muito bem de quem se tratava.

Yizhuo olhou de canto para nós, mordeu o lábio inferior com uma expressão estranha em seu rosto. O ciúmes é um sentimento maldito.

— Ninguém, além de você, iria querer uma mãe solteira aos vinte anos e cheia de traumas. — Pontuei.

— Bem que a Karina iria querer. — Aeri me abraçou de lado.

— Ela conseguiu meu número há uma semana e não me mandou um mísero "Oi Minjeong"! — Suspirei.

— Talvez tenha acontecido alguma coisa, unnie! — Yizhuo pontuou.

— De qualquer forma. Se ela mandar mensagem, eu vou responder com prazer. Caso contrário... Bem, não há nada que eu possa fazer.

[...]

Acordei assustada. Olho para o despertador, são 21h32. Eu peguei no sono mais cedo que o normal. Coloco minha mão na cabeça e pego meu celular que estava na mesa cabeceira. Uma ligação perdida e seis mensagens de um número desconhecido.

"Oi, Minjeong! Tudo bem? É a Karina, a menina que pediu seu número na farmácia!"

"Fazem uma semana, eu sei, mas eu acabei sendo assaltada e apenas agora recuperei meu celular..."

"Passei a semana inteira pensando numa maneira de falar com você, mas não encontrei suas redes sociais e te mandar mensagem estava fora de questão, já que eu não lembrava o seu número..."

"Mas independente de tudo isso, eu realmente gostei de você e acho que você deveria ser a minha esposa no futuro, rs."

"Brincadeira, Minjie! Hahahaha"

"Ou não..."

Porra....

Bruised | WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora