A porta de uma sala se fechou, fazendo ecoar o barulho por um corredor bem iluminado. Quem fez esta ação, é um homem mediano e que levou uma mão enluvada a boca.
Tratava-se de um mordomo inquieto, que continuou a percorrer o corredor abrindo porta por porta dele. O homem chegava até mesmo a transpirar, pois ele checara todos os cantos do palacete.
— Ah! É claro! — exclamou para si mesmo, batendo na testa e dando meia volta. Ele parou numa porta de cedro elegante e entrou.
Já estivera ali também, mas não se dera conta de uma coisa: a janela aberta. O mordomo cruzou o quarto — elegantemente decorado em tons de rosa claro — e espiou através da janela alta que dava para um pequeno jardim todo murado. De um lado da mesma janela e bem próximo, existia um pinheiro vela alto, e no fim do jardim, um pé de mangueira consideravelmente alto.
Como esperado, o mordomo viu o que queria e correu apressado para fora da casa. Cruzou o corredor entapetado; desceu uma escada em caracol; passou por outro corredor cheio de quadros e empurrou a porta de vidro dos fundos. Desceu três degraus de uma escadinha e fez escutar as pisadas dos sapatos sobre um piso de pedra, que cruzava a grama muito bem aparada.
— Srta. Sonabelia! — Ele torceu o pescoço para o alto da mangueira.
A voz assustada fez a figura no topo olhar para baixo. Era uma garota, e isso soaria totalmente normal, se ela não estivesse fazendo coisa inusitada no momento.
— Oh! Por Möbius, se cair aí do alto! — O mordomo enxugou a testa com um lencinho tirado do bolso.
A garota não respondeu. Estava concentrada sobre um dos galhos grossos e de ponta cabeça sobre ele, apoiando-se nas mãos. Ela tentava pegar uma manga com os pés. O mordomo quase tinha um infarto logo abaixo, ele deu um grito quando a menina acertou a fruta com seus dois pés e com impulso, voltou a ficar de pé no galho num "plié" equilibrado. À manga balançou e despencou, mas a menina a pegou no ar triunfante e se sentou no galho tomando fôlego.
— O que foi Spencer? — Ela balançava as pernas despreocupadas.
— Lady Whitnery a espera para sua aula habitual de piano. — O pobre Spencer ainda se recuperava do susto.
— Tinha me esquecido!
Ágil, a menina deslizou pelo galho para um mais abaixo e com uma pirueta — utilizando somente o impulso das pernas —, deu um mortal, pousando na grama ao lado de Spencer; as mãos sem largar a manga enorme.
— Pega — mandou, jogando a fruta na direção dele.
— Sonabelia, sabe que Lady Whitnery fica aflita quando faz esses malabarismos perigosos!
— Claro que sei, mas eu não podia deixar esta manga cair, está tão bonita, olhe.
— Certamente querida, mas você pode pedir para algum dos empregados irem pegá-la, eles farão essa gentileza usando uma escada.
A menina colocou as mãos na cintura e suspirou, sorrindo de canto.
— E perder a diversão Spencer? Você pode descascar para mim, por favor? — apontou a fruta.
Ela estava madura, grande e de casca bastante rosa. Seria um crime deixá-la se esborrachar na terra.
— Claro, agora vá, ande, a senhora está esperando como falei.
— Valeu! E por favor, não conte para ela! — A menina correu, enquanto articulava até a porta dos fundos.
— Pode deixar querida. — O mordomo aliviado, finalmente pôde respirar.
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O Anel de Möbius e as Estrelas da Liberdade
AdventureNo reino de Möbius - devastado e quase tomado por máquinas - os pré-adolescentes: Peterson, que busca descobrir o motivo das invasões na floresta em que vive; Sonabelia, que espera seu aniversário de debutante; e Thersandro, que almeja ser um grande...