Capítulo 6: Desesperança

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Dois dias se passaram após a confusão com as máquinas. Andando pelas ruas do mercado e disfarçado por um novo boné, Theo podia jurar que já tinham esquecido completamente daquele dia.

As pessoas transitavam normalmente entre as vielas e ruas principais, os mercadores continuavam gritando seus itens das barracas e o comércio abriu normalmente; apesar de alguns deles terem sido danificados durante aquela noite pelos tiros e tijolos. Os robôs guardas de sempre continuavam em seus postos, estáticos ao lado de lojas e postes de ajuda.

Querendo ou não, as pessoas necessitavam de continuar vivendo e lutando para sobreviver. A praça onde o show aconteceu ainda possuía alguns vestígios da quebradeira daquele dia. Cacos de vidro e tijolos quebrados ainda eram visíveis. A estrutura do palco ainda estava sendo desmontada por um grupo de homens, auxiliados por um pequeno guindaste inteligente.

Theo os observou por um minuto. Que loucura tinha sido aquela do show? Não que o garoto já não estivesse acostumado a fugir das máquinas ou confrontá-las, bem como tinha sido ensinado a fazer por seu chefe e por seu grupo, mas daquela vez seu rosto foi reconhecido pela máquina.

Tinha receio se esse fator poderia o pôr numa nova encrenca e que viessem atrás dele; além do mais, alguns de seu grupo tinham sido levados, e os que conseguiram fugir, estavam investigando se seriam da gangue subterrânea, que era enorme.

Não... Eles quase nunca davam atenção a um jovem ladrão, que se limitava a carteiras e pequenos objetos.

Ele deu de ombros para os próprios pensamentos e retornou ao beco vazio de sempre. Bateu três vezes na tampa e chamou por Snikbur, mas ninguém o atendeu. O jovem teve de puxar a tampa manualmente, foi um esforço dos grandes, mas conseguiu. Talvez o ossudo Snikbur tivesse cochilado em seu posto, coisa que fazia de vez em quando.

Theo entrou, e com mesmo esforço anterior, fechou a passagem. Quando pulou no piso notou a cadeira de plástico vazia. Ah! Se seu chefe visse aquilo!

Conforme caminhava um burburinho estranho irrompeu no túnel. Quando estava prestes a virar a esquina principal onde ficava o complexo, esbarrou num homem parado ali. Era Snikbur, e ao se virar para Theo, mostrou um rosto pálido como o de um fantasma.

— O que tá havendo cara? Que cara é essa?

Fala baixo! Eles tão aqui! Descobriram nós!

Eles quem?

Se mordendo de curiosidade, Theo espiou o complexo da esquina. Cerca de cinco robôs, iguais aos do show, se espalhavam pelo espaço apontando suas armas para todos os presentes, a maioria homens e mulheres de sua gangue. Alguns pareciam tensos e outros olhavam para as máquinas com ódio.

De repente, a tenda de seu chefe foi aberta e o próprio saiu algemado dali, segurado por dois humanos vestidos com uniformes da guarda e capas compridas. Alguém revelara o esconderijo deles!

Vários burburinhos e protestos saíram das pessoas ao redor. Nenhum deles de satisfação por verem seu chefe sendo levado. A agitação se tornou tanta, que um dos guardas deu um comando as máquinas que saíram destruindo as tendas, caixotes e tudo que se encontrava no complexo. Atiravam e usavam dos braços pesados para esmagar e jogar longe as coisas. Ameaçados por armas, ninguém se atreveu a fazer coisa alguma.

Um grupo que chegava por outro corredor, tomou um susto ao ver a cena e ameaçou dar meia volta e fugir. Ouviu-se um tiro seguido de um grito horrível e ainda mais gritos após o primeiro. Um cheiro de sangue e fumaça subiu; quem ainda se via liberto correu.

Snikbur puxou Theo pelo braço e os dois se afastaram desesperados ao ouvirem os tiros ricochetearem pelas paredes do túnel. Haveria um local seguro para eles agora?

O Anel de Möbius e as Estrelas da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora