Um mês se passou. Um mês repleto de aprendizado. Os herdeiros cresceram durante esse período, estavam mais fortes por conta do treinamento e mais sociáveis; pois, ficar em silêncio por tanto tempo, certamente era algo improvável de acontecer.
Peter e Theo aproximaram-se nesse tempo. O ladrão ajudava a arrumar os alvos — chegando muito mais rápido até eles com sua prancha — enquanto Peter treinava; e o arqueiro o fez se familiarizar com as galinhas.
Sonabelia, não gostava de ficar no chiqueiro sujo, mas passou a treinar sua mira do lado de fora junto a Peterson, que também passou a ajudá-la. Ela ignorava as provocações de Thersandro e raramente os dois tinham uma conversa em que não saíssem discutindo. No tempo vago, também se dedicara a treinar seus saltos e escalar algumas das várias árvores do bosque.
Certa vez, a garota achou um livro muito interessante na sala do quadro e chamou os dois para verem. Tratava-se de um álbum de fotos da rainha, e Sonabelia queria mostrá-los uma foto em especial que, segundo Möiras, tratava-se dos três quando recém-nascidos.
A foto tinha sido tirada numa sala bem iluminada e de paredes de pedra branca. A rainha estava sentada em uma cadeira de pedra — simples e espaçosa —, segurando em seus braços abertos e no colo, os trigêmeos; enrolados em mantas de bordados prateados e bem trabalhados. Ela sorria, enquanto dois dos bebês a imitavam e o outro tinha cara de choro.
— Aposto que esse é você — disse Beli, rindo.
— Muito engraçado..., tá mais pro cê chorona... — o ladrão, fez uma pausa abrupta. — Cês acredita no velho mesmo?
— Parece tudo muito surreal ainda — começou Peter —, ser um príncipe nunca me passou pela cabeça; para mim, a floresta sempre foi meu lar, e o "castelo", minha cabana.
— Até que não seria mal ser uma princesa, é tão elegante, parece como ganhar na möbioteria. — A menina suspirou sonhadora, mesmo que fosse, praticamente, rica.
— Que mané príncipe! — zombou o ladrão — Mas concordo que ser um ricaço me agrada, arrumaria um carro voador pra mim, uma bateria e uma daquelas correntinhas de ouro..., a pera, eu tenho várias, só tão no maldito esgoto. Droga!
— Defina ter? — Beli, torceu o pescoço para ele.
— Achado não é roubado, mesmo que teja no pescoço de alguém, esse é nosso lema. — O ladrão deu de ombros.
Peterson balançou o rosto, e Sonabelia voltou ao assunto sobre a realeza:
— Vocês não entendem nada mesmo, ser da Realeza não é só ter dinheiro. Você tem que ir a bailes, reuniões formais, tratar de negócios, conhecer outros príncipes... — ela divagou mais uma vez e, ao notar os olhares dos garotos, pigarreou: — Enfim, não é só luxo. Uma coisa que eu faria é dar um baile beneficente de rock com os Turbulentos, seria incrível!
Peter e o ladrão se entreolharam. O menino da pochete bocejou.
— Talvez num sonho, os turbulentos não são de tocar para ricaços grã-finos.
— Como é que sabe? — Beli ergueu uma sobrancelha.
— Nós somos manos, princesa, eles são da gangue o... — e falou os nomes completos de cada membro da banda, suas idades e até mesmo seus gostos pessoais.
O queixo da menina foi ao chão.
— Você está mentindo! — ela exclamou.
— Quando eu me encontrar com eles, vô me lembrar disso.
— Acha que pode conseguir um autógrafo para mim então?
— Claro..., cê pedir de joelhos e beijar meus pés.
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O Anel de Möbius e as Estrelas da Liberdade
AdventureNo reino de Möbius - devastado e quase tomado por máquinas - os pré-adolescentes: Peterson, que busca descobrir o motivo das invasões na floresta em que vive; Sonabelia, que espera seu aniversário de debutante; e Thersandro, que almeja ser um grande...