Capítulo 15: Aprendizado

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Um mês se passou. Um mês repleto de aprendizado. Os herdeiros cresceram durante esse período, estavam mais fortes por conta do treinamento e mais sociáveis; pois, ficar em silêncio por tanto tempo, certamente era algo improvável de acontecer.

Peter e Theo aproximaram-se nesse tempo. O ladrão ajudava a arrumar os alvos — chegando muito mais rápido até eles com sua prancha — enquanto Peter treinava; e o arqueiro o fez se familiarizar com as galinhas.

Sonabelia, não gostava de ficar no chiqueiro sujo, mas passou a treinar sua mira do lado de fora junto a Peterson, que também passou a ajudá-la. Ela ignorava as provocações de Thersandro e raramente os dois tinham uma conversa em que não saíssem discutindo. No tempo vago, também se dedicara a treinar seus saltos e escalar algumas das várias árvores do bosque.

Certa vez, a garota achou um livro muito interessante na sala do quadro e chamou os dois para verem. Tratava-se de um álbum de fotos da rainha, e Sonabelia queria mostrá-los uma foto em especial que, segundo Möiras, tratava-se dos três quando recém-nascidos.

A foto tinha sido tirada numa sala bem iluminada e de paredes de pedra branca. A rainha estava sentada em uma cadeira de pedra — simples e espaçosa —, segurando em seus braços abertos e no colo, os trigêmeos; enrolados em mantas de bordados prateados e bem trabalhados. Ela sorria, enquanto dois dos bebês a imitavam e o outro tinha cara de choro.

— Aposto que esse é você — disse Beli, rindo.

— Muito engraçado..., tá mais pro cê chorona... — o ladrão, fez uma pausa abrupta. — Cês acredita no velho mesmo?

— Parece tudo muito surreal ainda — começou Peter —, ser um príncipe nunca me passou pela cabeça; para mim, a floresta sempre foi meu lar, e o "castelo", minha cabana.

— Até que não seria mal ser uma princesa, é tão elegante, parece como ganhar na möbioteria. — A menina suspirou sonhadora, mesmo que fosse, praticamente, rica.

— Que mané príncipe! — zombou o ladrão — Mas concordo que ser um ricaço me agrada, arrumaria um carro voador pra mim, uma bateria e uma daquelas correntinhas de ouro..., a pera, eu tenho várias, só tão no maldito esgoto. Droga!

— Defina ter? — Beli, torceu o pescoço para ele.

— Achado não é roubado, mesmo que teja no pescoço de alguém, esse é nosso lema. — O ladrão deu de ombros.

Peterson balançou o rosto, e Sonabelia voltou ao assunto sobre a realeza:

— Vocês não entendem nada mesmo, ser da Realeza não é só ter dinheiro. Você tem que ir a bailes, reuniões formais, tratar de negócios, conhecer outros príncipes... — ela divagou mais uma vez e, ao notar os olhares dos garotos, pigarreou: — Enfim, não é só luxo. Uma coisa que eu faria é dar um baile beneficente de rock com os Turbulentos, seria incrível!

Peter e o ladrão se entreolharam. O menino da pochete bocejou.

— Talvez num sonho, os turbulentos não são de tocar para ricaços grã-finos.

— Como é que sabe? — Beli ergueu uma sobrancelha.

— Nós somos manos, princesa, eles são da gangue o... — e falou os nomes completos de cada membro da banda, suas idades e até mesmo seus gostos pessoais.

O queixo da menina foi ao chão.

— Você está mentindo! — ela exclamou.

— Quando eu me encontrar com eles, vô me lembrar disso.

— Acha que pode conseguir um autógrafo para mim então?

— Claro..., cê pedir de joelhos e beijar meus pés.

O Anel de Möbius e as Estrelas da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora