Entre a pouca luz de um poste e os olhares de espanto, o robô ergueu um braço — que se alongou — agarrando o de Sonabelia numa velocidade impressionante. Uma garra mecânica saiu do que seria a barriga e puxou o ladrão pelo pé, deixando-o de ponta cabeça; correntes de ouro e Möbiufones caíram de seus bolsos, indo direto ao chão. Sonabelia gritou ao sentir a parte metálica apertar seu braço sem dó. Inutilmente eles pediam para serem soltos.
Uma terceira garra tentou agarrar Peterson, saída das costelas da máquina, mas o garoto recuou rapidamente para longe do alcance do braço — que possuía certo limite — prevendo que era o próximo.
— O que significa isso?! Solte-a! Faça alguma coisa! — o dono do relógio pedia espantado ao guarda humano.
O homem da guarda parecia tão perdido quanto os jovens enquanto vasculhava um controle portátil com tela, que provavelmente era do robô, porém aquilo foi inútil. A máquina apontou a arma para Peterson e atirou. O garoto desviou para o lado e um raio laser quase o acertou no braço.
A banda parou de tocar quando as pessoas correram gritando assustadas ao presenciarem a cena e o vocalista tomou o microfone.
— O que tá rolando aí atrás?
O robô preparou-se para atirar novamente, quando um barulho terrível veio dele. Peterson notou duas mãos agarradas aos ombros metálicos e em seguida uma cabeleira ruiva. Fumaça saiu de trás do robô e ele deu pane proferindo um código de ERRO. As garras soltaram os dois prisioneiros.
O sujeito que fez aquilo era Alerxios, que imediatamente se afastou para longe após o golpe, saltando dos ombros de aço. Enlouquecida, a máquina começou a atirar para todos os lados. A confusão estava enfim instalada!
Espectadores correram em completo pânico para as ruas, enquanto os robôs que cercavam a área do show repetiam o código anterior e partiam para cima delas. Sonabelia tratou de agarrar a mão do companheiro e correr para a rua da carruagem.
O ladrão se arrastou e ficando de pé, cambaleou para longe; tinha ele caído com tudo no chão ao ser largado. Peterson, em choque com o que tinha acabado de acontecer, viu Alerxios se aproximar e o puxar pelo ombro para que começasse a correr.
— O que você fez?! — gritou Peterson.
— Acertei a abertura principal com uma das facas do meu pai! E funcionou?!
— Tenho que pegar meu arco! — O jovem correu para a barraca onde o tinha deixado.
Eles tiveram de desviar e pular sobre as pessoas que caíam pisoteadas por outras. A maioria ali sabia o que significava ser capturado por uma máquina — principalmente os do subterrâneo — e com o incentivo da banda, começaram uma verdadeira rebelião para escapar.
Jogavam tijolos soltos da calçada contra os robôs que tinham seus visores quebrados, bebidas também eram atiradas a fim de encharcarem e talvez causarem curto-circuito; ao que as máquinas retribuíam com tiros que machucavam quem quer que estivesse na frente, utilizando de força sobre-humana para agarrá-los quando alcançados.
Os guardas humanos, que eram poucos, não sabiam o que fazer. Nunca viram nada parecido como aquilo acontecer antes. Tentavam, sem sucesso, reverter o comando dos robôs que pareciam não responder.
Uma das caixas de som foi empurrada brutalmente pelos robôs que subiram no palco e caiu no piso destroçando-se. Um som terrível retumbou de uma segunda caixa quando o guitarrista quebrou a guitarra, ainda conectada a elas, na cabeça de um deles.
Peterson tomou seu arco em mãos e ao virar, se viu num verdadeiro cenário de terror. As máquinas agarravam as pessoas analisando seus rostos e não soltavam por nada, com exceções raras. Uma já tinha mais de sete garras expostas, agarrando inclusive alguns dos jovens que estavam no grupo dele e que gritavam por socorro.
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O Anel de Möbius e as Estrelas da Liberdade
AdventureNo reino de Möbius - devastado e quase tomado por máquinas - os pré-adolescentes: Peterson, que busca descobrir o motivo das invasões na floresta em que vive; Sonabelia, que espera seu aniversário de debutante; e Thersandro, que almeja ser um grande...