Capítulo 14: A Fuga da Galinha

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Com o tempo, os ânimos se acalmaram entre os três herdeiros. O primeiro a se contentar com a atual realidade foi Peterson. Determinado, o rapaz aceitou ser treinado pelo Oráculo.

Möiras dera-o roupas novas — uma blusa, luvas sem dedos e calças brancas —, preparava alvos no lado externo da pirâmide, utilizando sacos cheios de feno e capim; além de alvos de madeira, que ele espalhou e pendurou nas árvores do bosque.

Disciplinado, o arqueiro acordava sempre cedo, igual ao Oráculo; comia alguma coisa e ia treinar. Mal falava, e quando o fazia, era com máxima seriedade. Queria se aprimorar o mais rápido possível para, enfim, sair dali; quer fosse com os outros ou não. No tempo vago, ajudava Möiras com seus animais e até se familiarizara com alguns deles.

Sonabelia estivera um tempo emburrada e chateada. Pensava sempre na tia, Spencer, os outros empregados e Bene. Isso a despertou para a realidade e, sem saída, a moça foi conversar com Möiras. Formalmente ela pediu que a ajudasse com o manejo do teclado e que contasse mais sobre a Rainha.

O Oráculo a atendeu prontamente e, igualmente a Peter, deu-a roupas novas — uma blusa e saia-short brancas. Mostrou livros que a Rainha adorava ler quando vinha visitá-lo, joias que ela guardará com ele, e contou histórias sobre o tempo próspero de seu reinado. O teclado, não foi grande problema, em uma semana a menina aprendeu a usá-lo bem, dominando a intensidade e potência dos raios; conforme suas teclas produziam determinado tom.

Thersandro era o mais difícil de lidar. Sonabelia mesmo, não queria saber de conversar com ele, muito menos olhá-lo na cara. O jovem ladrão era arredio, respondão e desobediente. Nos primeiros dias sumiu. Tentou uma ou duas vezes roubar os ovos das galinhas, que sempre o bicavam afoitas. Só foi aparecer quando a fome apertou, e o oráculo recebeu-o gentil, tentando conversar e se aproximar, dando-o uma bermuda e blusa brancas.

Depois de um tempo, Möiras devolveu o colar do ladrão e permitiu que ele usasse a prancha do lado de fora para praticar, desde que não fosse alto demais e, com seriedade, disse-o:

— Não aconselho que tente descer para a floresta, há criaturas selvagens nela e estamos muito, muito longe da capital.

Aquilo bastou para que o ladrão desse fim aos planos que tinha de fugir.

Certo dia, Sonabelia folheava um livro de couro na sala do quadro; um dos quase únicos passatempos que encontrara

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Certo dia, Sonabelia folheava um livro de couro na sala do quadro; um dos quase únicos passatempos que encontrara. Lia sobre a cultura e vestimenta da antiga Möbius quando a porta da sala se abriu.

— Möiras? — Era o arqueiro, que entrou e vasculhou a sala com os olhos.

Do banquinho de madeira onde estava sentada, Sonabelia ergueu o rosto do livro, e respondeu:

— Ele não está aqui — e o percebendo aflito, continuou: — O que foi?

— Uma das galinhas fugiu do cercado, não consigo pegá-la e tenho medo que ela caia da ilha. Não acho Möiras em canto nenhum!

O Anel de Möbius e as Estrelas da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora