Capítulo 9: A Luz Branca no Fim do Túnel

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As máquinas imediatamente avançaram a passos lentos, como que para intimidá-los. Sem perder tempo, o ladrão pulou na fonte e correu para trás dela, único caminho que o carro forte não alcançava. Peterson e Sonabelia seguiram o exemplo desesperados, pois não faziam ideia de para onde ir e temiam perderem-se; pois, passavam eles, pela mesma estranha situação.

As patas do escorpião voltaram aos seus lugares e a porta se fechou quando o rapaz entrou nele. O veículo começou a contornar a fonte indo atrás dos jovens e as máquinas marcharam; pegando cada vez mais velocidade com suas pernas mecânicas.

O ladrão corria como nunca, virando ruelas e esquinas, empurrando pessoas em seu caminho e pulando obstáculos. Isso os levou a um beco sem saída e Peterson já preparava seu arco e flechas, quando um robô virou a esquina, quase pescando Sonabelia, se ela não houvesse dado uma de suas piruetas; acabando por perder seu lenço de seda no processo.

Peterson mirou o monitor, local que Alerxios sempre recomendava quando se deparavam com um na floresta, e atirou. A flecha quebrou o vidro e conseguiu causar um curto ao se fincar ali. O menino continuou atirando enquanto o ladrão abria a tampa de um bueiro no fim do beco. Assim que conseguiu, pulou ali dentro e sumiu.

As flechas acabaram e Perterson correu para a abertura. Atordoados os robôs batiam contra as paredes do beco descontrolados.

— Você não vem?! — Peterson viu a garota hesitar mordendo o lábio.

— Isso é tão, nojento!

O carro forte surgiu na entrada do beco, começando a entrar nele, arranhando as paredes de modo estrondoso e brutal. Aquela foi à deixa para Peterson entrar e Sonabelia, sem mais opção, em seguida.

As máquinas eram muito grandes e provavelmente não caberiam na entrada do bueiro. Ainda assim, os dois correram pelo túnel — precariamente iluminado — até o ladrão mais à frente, temendo serem capturados.

— Cês fechou a tampa?

— Não deu tempo — respondeu Sonabelia, que mal se imaginava encostando-se a um objeto tão sujo.

— Ah droga! Droga! Eles vão vir atrás! Sabem que tamo aqui!

— Onde isso vai dar? — Peterson prosseguia, apertando os olhos para o breu.

— Em qualquer parte da cidade — respondeu o ladrão, apressado e nem um pouco contente em ser seguido.

Acima deles era possível ouvir o chão retumbar. Nenhum dos três se atreveria a sair nas tampas que passavam e percorriam o túnel úmido, deixando pequenos fachos de luz tocar em seus rostos. Era como se já estivessem os esperando do lado de fora. O que queriam com eles ainda era um mistério.

Após um tempo interminável, uma luz alaranjada surgiu no fundo do túnel, a calçada recuava cada vez mais para os cantos até desaparecer e a única opção foi andarem na água enlameada do esgoto; que conseguia encobrir seus pés.

Eles desembocaram no fim do bueiro, que dava vista para um desagradável emaranhado de lixo instalado ali, trazido pela correnteza e misturado a vegetação de um bosque mais adiante. Moscas zumbiam e um cheiro terrível de comida estragada, urina e animais mortos impregnava o ar.

Pareciam enfim, após bastante tempo de caminhada naquele local insalubre, livres dos robôs.

— Eca! Isso é tão nojento! Vou ficar doente pisando nisso..., minha pele não para de coçar! — Sonabelia reclamou mais uma vez.

— Cê parece que nunca viu um esgoto "princesa".

— Claro que já vi!

— Não é o que parece.

O Anel de Möbius e as Estrelas da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora