Capítulo 01

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Liza Lobo

O tempo passa tão depressa que nem nos damos conta que os dias voam e não estamos vivendo um terço do que planejamos para uma vida tão curta. É assim que me vejo, aos 35 anos, realizada profissionalmente, mas com a vida pessoal ainda em aberto. Priorizar a carreira nem sempre é fácil. Enquanto muitas de minhas colegas viviam a aventura da maternidade, eu estava mergulhada diuturnamente nas mais diversas notícias ligadas à política e à economia brasileira.

Construí meu nome no jornalismo político nacional trabalhando como correspondente para a agência britânica Reuters em Brasília. Cobri matérias importantes; trazendo inclusive notas exclusivas sobre o impeachment da primeira presidente do país. Durante esse processo, trabalhei mais de vinte horas por dia, durante os sete dias da semana; venci barreiras e pude competir de igual pra igual com vários jornalistas homens, que em pleno século XXI ainda julgam-se superiores; tive que provar minha competência.

Em um país onde reina a corrupção, o machismo é apenas um detalhe. Infelizmente, somado ao número de mulheres trabalhando no congresso nacional e no senado, seja como deputadas e ou senadoras, até mesmo assessoras, ainda é bem menor do que em muitos países do mundo.

Estive presente em vários fatos históricos da recente política brasileira, convivendo com pessoas de várias partes do país que, juntos, formam a grande miscelânea étnica que vive na capital do Brasil.

A rotina é pesada: trabalho, plantões, investigações, fontes. Tudo com o objetivo de levar aos leitores a mais ampla e clara notícia do que está acontecendo no cenário político nacional.

Toda informação tem a possibilidade de virar notícia. Por isso, sua averiguação deve ser minuciosa. Todo bom jornalista que se preza sabe da importância de seu trabalho e sua função social perante a sociedade.

Com isso, a cada ano que se passava, o sonho de constituir uma família e ter filhos ficava cada vez mais distante. Minha desculpa era sempre a mesma: o tempo. Na verdade era uma forma para esconder minhas prioridades ou de disfarçar o fato de nunca ter encontrado uma pessoa que eu quisesse 'somar'.

Quando o amor parece impossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora