Quando o amor parece impossível

Capítulo07

Capítulo 07

Liza Lobo

Mais uma vez Vincent deu a volta no carro, abriu a porta e segurou em minha mão para eu descer, me puxando para si. Nesse momento, nossos olhares se cruzaram na mesma profundidade do nosso primeiro encontro. No mesmo instante em que senti suas mãos tocar minhas costas, seus lábios tocaram nos meus. Fui incapaz de resistir. Assim que nosso beijo ganhou força, senti um misto de sensações conflitantes e o coração acelerar. Apesar do clichê: meu mundo parou. Ele tinha um gosto tão bom quanto parecia.

Depois de alguns minutos de intensidade, Vincent parou um pouco assustado com sua reação. Segurou meu rosto com as mãos, esperando um sinal que o fizesse parar e se desculpar por sua impulsividade, mas me viu completamente entregue em seus braços e mais uma vez começou me beijar. Naquele momento senti minhas pernas falharem, me agarrei nele para não cair. Eu não podia imaginar ser possível tal sensação. Assustada, interrompi suavemente nosso beijo sem ter consciência se continuava ou não. Eu precisava respirar...

- Não posso – consegui dizer ainda com os olhos fechados, não conseguindo encará-lo.

– Aliás, é você que não pode. – Sussurrei bem próximo a sua boca. Senti uma vontade enorme de chorar.

Rendido, ainda com meu rosto em suas mãos, ele colou sua testa na minha, como se também precisasse de ar.

- Tudo bem... mas me promete que vamos nos ver de novo?

- Quem sabe. Vincent, obrigado pela noite. – me despedi e fui logo entrando no prédio como se tentasse fugir de alguma coisa. E na verdade eu fugia.

Entrei apressada e não olhei para trás. Se eu olhasse... acho que voltaria e me jogaria em seus braços.

No meu apartamento, mais uma vez, me senti sozinha. Uma sensação de vazio completo. Ah... como eu queria que ele estivesse aqui! Desesperada e dentro de casa, permiti que minhas lágrimas caíssem. Nunca em todos esses anos jamais tinha chorado por causa de nenhum homem. - Pra tudo tem uma primeira vez – repeti pra mim mesmo.

O que deve ser feito quando tudo leva a crer que você encontra a pessoa certa no momento errado? Ele tinha Irina, como poderia querer alguma coisa comigo? E eu me apaixonei pelo único homem que não deveria me apaixonar.

***

Vincent Montanari

- Merda, merda, merda... falei para mim mesmo. Subestimei sua inteligência. É claro... Assim como eu, Liza deve ter feito uma pesquisa na internet sobre mim e descobriu sobre Irina. Por isso, a resistência e as indiretas durante toda noite.

Sei que Liza não é uma mulher de uma noite apenas. Ela merece mais. O que senti estando ao seu lado, nunca senti por ninguém. Nem mesmo por minha noiva. Cheguei à conclusão óbvia: nunca a amei. Namoramos e noivamos por insistência de nossas famílias, somente isso. É claro que a culpa é minha, jamais deveria deixar a situação chegar aonde chegou.

Com Liza tudo era diferente. Nossa atração era visível e nossa química pode ser comprovada por aquele beijo. E que beijo... Achei que nunca fosse me sentir assim. Vivo! Querendo mais, mais dela, mais de nós.

Aqui na minha suíte do hotel, me senti perdido, confuso. A única certeza que eu tinha é que eu a queria. Ainda podia sentir seu gosto em minha boca. Como em tão pouco tempo uma pessoa pode se tornar tão presente? Enquanto pensava em Liza e desejava ansiosamente por seu toque, seu cheiro... meu celular se iluminou. Era uma mensagem dela:

Liza - "Obrigada pela noite inesquecível"

Senti-me em êxtase. E respondi logo em seguida:

Vincent - "As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem".

Queria deixar bem claro que não iria desistir tão facilmente assim. Se isso que eu sentia fosse algo parecido com amor, eu iria lutar para vivê-lo; se Liza fosse meu destino é com ela que eu iria ficar.

Liza - "Temo que para você o momento não seja oportuno"

Mais uma vez ela, indiretamente, faz menção ao meu noivado. Um compromisso que assumi no momento de impulso; no momento em que não sabia o que era o amor. E assim respondi:

Vincent - "O amor não escolhe a hora para chegar"

Tinha que confessar a mim mesmo: Estava apaixonado por ela... Se não acreditava em amor à primeira vista, Liza me fez provar ao contrário. Me fez acreditar que isso era possível.

A última mensagem ela não respondeu. Tenho certeza que essa será uma noite longa tanto para mim quanto pra ela...

***

Não consegui pregar o olho nessa noite. São cinco da manhã e sigo para o aeroporto onde embarco direto para Curitiba, preciso estar na capital paranaense antes das nove, tenho uma extensa agenda a cumprir.

O voo foi tranquilo e, apesar do meu nervosismo, consegui dormir durante o percurso. Já em Curitiba, vou direto para a sede do Ferraz Montanari para uma série de reuniões. Tento me ocupar com trabalho, mas não deixo de pensar nela um segundo sequer. Queria ouvir sua voz... Fiquei tentado a ligar, mas desconsiderei, imaginando que ela poderia estar magoada por eu não ter mencionado nada sobre meu noivado.

Não sei como vou resolver esse problema ainda. Preciso me entender com Irina, sem magoá-la e depois procurar minha pequena e contar toda verdade.

Apesar de não amar Irina, tenho um carinho muito grande por ela. Eu a vi crescer! Agora preciso convencê-la que não é do meu lado que ela será feliz. Em respeito aos anos que passamos juntos, essa conversa não pode ser feita pelo telefone. Tenho que marcar um encontro o mais rápido possível, considerando a possibilidade de pôr fim definitivamente neste noivado.