When The Wind Calls

Vale das Memórias Perdidas - III

"Quando a noite estava cheia de terrores e seus olhos cheios de lágrimas, quando você ainda não tinha me tocado, me leve de volta para a noite em que nos conhecemos..."

Lord Huron - The Night We Met

Lumine a lâmina do irmão cortar a pele de Venti superficialmente, Aether parecia meio irritado e meio divertido com aquela situação. Os olhos dourados frios do gêmeo olhando da irmã pro arconte, o brilho sórdido e maldoso enquanto sua mente trabalhava em algo perverso e ele baixava a espada por alguns segundos.

— Vocês dois são patéticos... - Aether diz - irmã você não aprendeu nada com a jornada que te dei pra cumprir não é? Arcontes, Celestia... São escórias imundas e ele não é diferente, ele não é alguém que você deva amar. Nós somos os verdadeiros salvadores desse mundo podre irmã, não se engane com essa coisa que finge te amar.

— Você é que não aprendeu nada Aether - Lumine vê sua eu do passado responder - mais de 500 anos presos aqui e você não aprendeu nada sobre as pessoas desse mundo, você está tão focado em erguer o abismo que não pensa nos inocentes que pagam o preço pelo que você faz. Gente que tá morrendo na cidade agora mesmo por sua causa, você se acha tão melhor que Celestia mas age como eles e condena qualquer um que não concorde com você.

Aether solta uma risada sem humor, encarando a irmã como se ela fosse um inseto que o incomodava e ao qual ele queria esmagar. Seu nojo estendido não só a Venti mas a Lumine também, o gêmeo sentia o ódio pelo que a irmã havia se tornado e o antigo e velho amor fraternal brigando dentro de si por um momento antes de abrir sua boca e falar novamente.

— Eu tenho um propósito irmã, uma injustiça a consertar e quem não está do meu lado está contra mim. Não existe meio termo nisso e se ama tanto assim essa coisa ao seu lado então vamos fazer um teste - Aether agora se vira pra Venti, os olhos verdes e dourados se encontrando em uma batalha silenciosa - Barbatos... Eu posso parar todo o ataque a sua cidade a qualquer momento então você apenas tem que me entregar minha irmã. A vida dela por todo o seu povo, é uma escolha bem simples não?

O silêncio permeou os três por um minuto inteiro, Lumine encarava a cena do seu passado. Apenas uma espectadora de uma tragédia iminente cada vez mais clara, Aether encara Venti e o arconte, ainda na frente de Lumine de forma protetora sentia sua mente girar e seu estômago revirar. Pra ele a ideia de uma escolha assim era infernal, no entanto ali estava Venti: escolhendo entre o amor de sua longa e solitária vida e o povo a quem tinha responsabilidade de proteger. Lumine vê sua eu do passado colocar a mão no ombro de Venti e puxa-lo pra si, pouco se importando com Aether e o beija. Ela sabia que teria que tomar a decisão por ele e não tinha medo de fazê-lo, assim que seus lábios se separam ela sorri se afastando.

— Lembre de mim - sua eu do passado diz se aproximando de Aether - prometa que vai deixar Mondstadt e ele em paz em troca da minha vida.

— LUMINE NÃO! - Venti protesta parecendo finalmente entender o que ela pretendia - VOCÊ NÃO PODE... Não pode simplesmente...

— Eu não posso deixar você com essa escolha - ela sorri - vai ficar tudo bem.

— Que cena tocante e patética irmãzinha - Aether então estala os dedos e amarras estranhas prendem Venti enquanto o gêmeo de Lumine acertava os joelhos da mesma com força a fazendo cair, sua espada erguida pra um golpe forte - você não é mais nada, é tão nojenta e fraca como eles. Você deveria estar ao meu lado irmã mas escolheu morrer por essas pessoas nojentas e por aquele verme imundo. Eu deveria ter te matado no nosso último encontro pra evitar que você se misturasse demais com essas coisas e esquecesse da justiça que temos de fazer.