Abrindo os Olhos

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"Escolha as suas últimas palavras, esta é a última vez... Porque você e eu, nós nascemos para morrer..."

Lana Del Rey - Born To Die

Lumine abriu os olhos mas não via nada além de luz ofuscante, gostas de chuva começavam a cair em suas bochechas e sentia que estava sobre algo macio. Piscava seus olhos furiosamente tentando voltar a enxergar até que finalmente começou a focar e entender onde e o que estava vendo: estava deitada no colo de Venti enquanto as lágrimas dele caiam sobre seu rosto "não era chuva..." Ela constata. Sua mente ainda estava entorpecida porém assim que se mexe minimamente Venti arregala os olhos percebendo que ela estava acordada e a abraça apertando Lumine em seus braços.

— Você acordou, finalmente - a voz do bardo era trêmula assim como suas mãos que seguravam - eu pensei que tinha te perdido de novo...

Lumine engole em seco, a sensação de alívio e pavor se agitando dentro dela. A mente de Lumine agora se acelerava sobre aquele sonho longo que ela teve, uma parte dela sabia que algumas coisas eram terríveis demais pra serem apenas um sonho.

— O que eu vi... Foi real? - ela diz com sua voz áspera como madeira raspando em tecido - tudo aconteceu?

Um olhar. Um pequeno encontro de suas íris douradas com as íris verdes dele foram o bastante pra que a resposta viesse, como uma faca quente dolorosamente cravada em seu peito.

— Me odeie, me bata, grite comigo... - Venti diz abaixando a cabeça derrotado assim que ela se afasta dele - faça qualquer coisa mas não me abandone... Eu sei que mereço isso por tudo o que permiti acontecer com você mas não me deixe.

— Como pode dizer isso? Fui eu quem assistiu você morrer - ela diz sentindo a amargura das memórias na ponta da sua língua, como um veneno se espalhando por sua boca - você simplesmente escolheu morrer e me deixar sozinha naquele mundo que só fazia sentido com você.

— Eu já tinha visto pessoas que eu amava morrerem antes - Venti diz - eu não podia ver você também... De todas as pessoas... Não você... Me deixe ser egoísta sobre você mesmo que isso te faça ter nojo de mim. Sabe como foi quando você apareceu aqui? Uma maldição disfarçada de benção por que eu sabia que só havia uma maneira de você estar aqui. Quando vi que não se lembrava foi mais dessa maldição misturada a uma benção mas eu queria te dar motivos pra me amar o suficiente antes que o tempo acabasse... Antes que se lembrasse e me odiasse.

— Odiar você? - Lumine pergunta dando uma risada amarga - antes eu te odiasse, eu abri mão da minha vida por que eu te amava demais pra aceitar que você simplesmente não existia mais e você nem ao menos foi sincero... Me deixou no escuro desde que acordei nesse lugar como se o passado tivesse apagado em prol de que?

— Chega, vocês dois - a mulher que Lumine havia visto semanas atrás no pequeno lago estava ali. De algum modo a mera presença dela mudava todo o ambiente e só então Lumine notou: tudo havia desaparecido e sido substituído por um campo infinito de cecilias e o grande carvalho que se erguia sobre eles - não permiti que ficassem aqui pra isso, já não basta ter que expulsar aquele pirralho dos meus domínios... Sinceramente, vocês viajantes estelares não tem educação.

O rosto pálido e os olhos escuros da mulher expressavam um pouco de irritação enquanto ela resmungava sobre "um pirralho irritante", os cabelos negros e longos, bem abaixo da cintura permaneciam os mesmos porém o vestido não era mais escuro e sim de seda branca e macia com padrões de flores de uma vermelho alaranjado até o tom de vinho dando vida ao vestido que flutuava e cintilava ao redor dela, a fenda lateral expondo uma perna e revelando os pés descalços dela exatamente como da primeira vez que havia visto ela.

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