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Flagrados

Alexandre entra em casa após um longo dia de trabalho, e caminha pelo corredor de sua casa silenciosamente, até chegar ao quarto da filha Alissa, onde a babá disse que ela estaria. Ao se aproximar da porta entreaberta, ele se encosta no batente e observa a cena com um sorriso terno.

Alissa está concentrada em seu caderno, envolvida na tarefa de casa. Sua expressão demonstra concentração enquanto escreve, franzindo o cenho de vez em quando diante de algum problema ou dúvida. O brilho de sua inteligência é visível nos olhos curiosos e no ar concentrado em sua postura.

Um sorriso suave surge nos lábios dele, enquanto a observa secretamente, tentando não interromper sua concentração. Ele fica ali por um tempo, apreciando o momento silencioso, sentindo uma sensação de paz ao testemunhar o esforço e a seriedade de sua filha.

O coração de Alexandre é um território repleto de amor, mas também de preocupações e reflexões constantes. Ele sabe que a ausência da figura materna na vida de Alissa é um ponto sensível, uma lacuna que ele tenta, com todo seu amor e cuidado, preencher. Porém, ao mesmo tempo, é consciente de que a presença materna é algo que vai além das suas capacidades.

Quando se permite divagar sobre o futuro, Alexandre se encontra em um mar de pensamentos tumultuados. Preocupa-se com a maneira como a falta de uma figura materna afetará a vida de sua filha. Perguntas permeiam sua mente: "Como Alissa lidará com situações em que a presença da mãe é tradicionalmente necessária? Como enfrentará as complexidades emocionais sem alguém que compreenda profundamente essa dimensão feminina?"

São nesses devaneios que ele se questiona se Leana poderia, de alguma forma, se tornar parte integrante da vida de sua filha. Uma voz interna sugere que a presença constante e amorosa dela poderia suprir a ausência da figura materna na vida da menina.

Ele vê em Leana características maternais que admira profundamente. Uma doçura natural, uma compreensão empática e uma capacidade única de se conectar emocionalmente com o filho Theo.

Após alguns instantes apreciando aquele momento, Alexandre decide entrar no quarto, aproximando-se de Alissa com um sorriso acolhedor.

Ela ergue seus olhos castanhos, um brilho de alegria iluminando seu rosto ao ver seu pai ali.

- Pai, você chegou!

- Te observei por um longo tempo. - ele deposita um beijo sobre a cabeça dela, cheia de cachos miúdos, que quase chegam nos ombros. Em resposta, a menina lhe dá um abraço carinhoso - Precisa de ajuda, filha?

Ao se inclinar para verificar o caderno dela, Alexandre observa algumas páginas preenchidas com exercícios matemáticos sobre divisão. A letra dela se espalha pelas linhas, mostrando a dedicação na resolução dos problemas. Uma mistura de números e pequenos erros corrigidos revela o esforço dela em compreender a matéria.

- Ah, pai, se você tivesse chegado minutos antes... Eu já terminei.

- Na próxima te ajudo. Vamos até a cozinha comer alguma coisa?

Contente, Alissa abre um sorriso luminoso, seus lábios carnudos revelando um adorável e sincero sorriso, fecha rapidamente seu caderno e levanta-se, revelando seu corpo esguio ainda vestido com o uniforme azul da escola. Com um gesto rápido, ela agarra o braço dele, indicando que quer acompanhá-lo.

★★★

Os últimos minutos da partida do jogo de basquete chegam ao fim e Net Rippers fica em vantagem com o time adversário. Os assovios e aplausos fervorosos de algumas pessoas presentes ecoam pelo ambiente, refletindo a empolgação pelo jogo.

Meu Coração é LaranjaOnde histórias criam vida. Descubra agora