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Labirinto de emoções

Pensativa, Leana coloca o pó de café dentro da cafeteira enquanto seus pensamentos estão longe. O aroma suave começa a se espalhar no local de trabalho, proporcionando um breve alívio para suas emoções conturbadas.

Ela se apoia no balcão da cozinha, respirando fundo para tentar acalmar a tempestade emocional que a inquieta, olha para a janela, está chovendo forte e já deduz que não terá muitos clientes hoje na padaria.

Cada palavra que Alissa disse parece adicionar um peso a mais em seu coração, gerando uma crescente desmotivação. Apesar de ser uma criança, Leana reconhece a relevância dos sentimentos e opiniões dela.

Diante disso, concluí que talvez não tenha meios suficientes para transformar essa condição e pondera até mesmo a ideia de encerrar o relacionamento com o pai dela, por achar a situação complexa demais.

O expediente vai chegando ao fim em um ritmo lento, enquanto a chuva persiste sem dar trégua. Leana, preocupada com a ausência de guarda-chuvas, questiona como lidará com a situação.

Nesse ambiente vazio e melancólico, o tilintar do sino da porta rompe o silêncio, indicando a chegada de um cliente. Seus olhos se erguem e seu coração se aquece ao avistar Alexandre, que sorri calorosamente ao se aproximar do balcão.

— Oi, Alexandre. Estava justamente pensando em você agora. — ela lhe devolve o sorriso, tentando demonstrar que está sendo sincera.

— É mesmo? Então nossos pensamentos se encontraram. — ele responde, segurando delicadamente as mãos dela, que repousam sobre o balcão -— Imaginei que você não estaria bem hoje.

— Você acertou em cheio. — ela admite, desviando momentaneamente o olhar, confirmando sua percepção.

-— Vou aguardar aqui por você, tudo bem? Te faço companhia no caminho para a aula hoje.

Ela concorda com um aceno, e ele se afasta para ocupar uma das mesas disponíveis.

No término do expediente, ambos deixam o local juntos. Enquanto caminham pelas ruas sob a chuva persistente, Leana segura o braço dele, compartilhando o mesmo guarda-chuva.

Alexandre percebe que ela está pensativa e tem certeza que está imersa nos mesmos pensamentos que os seus e, portanto, reflete cuidadosamente sobre as palavras a serem usadas para abordá-la.

— Leana, esse é um bom momento para você utilizar seu olho clínico de futura psicóloga. — ele inicia uma conversa.

Ela vira o pescoço para olhar seu rosto e indagá-lo, um pouco confusa.

— Como assim?

— Pense como Alissa se sente e tente de colocar no lugar dela. Ela está crescendo sem a mãe.

Leana reflete por um instante sobre o que ele diz para ter uma conclusão.

— Eu também cresci sem mãe, Alexandre.

— Mas vejo reflexos disso em sua vida hoje como adulta. Por mais que você não perceba.

— É sério? — Surpreendida, ela dá um sobressalto — O que por exemplo?

— Bom... — ele reflete por um instante — Você tem dificuldade em enfrentar desafios emocionais. Isso pode ser um impacto da sua criação sem uma mãe.

Leana desvia o olhar para as poças de água, onde as luzes dos postes da cidade se refletem, contrastando com a escassa luminosidade do ambiente chuvoso. Nesse momento, ela contempla suas palavras e reconhece uma verdade: sempre que enfrenta um conflito emocional, sente-se incapaz de lidar com ele.

Meu Coração é LaranjaOnde histórias criam vida. Descubra agora