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Novos ciclos


O silêncio é quase ensurdecedor, carregado de hostilidade. Cada uma das mulheres, frente a frente, parece pronta para travar uma batalha, seja de palavras ou atitudes, numa disputa acirrada.

Cada uma aguarda o movimento da outra, pronta para qualquer desafio que possa surgir, determinada a não recuar diante do confronto inevitável.

— Meu nome é Leana. — a ruiva diz sem desviar seu olhar. — A namorada do Alexandre. Ele está?

— Ah, então você é 'ela'... —  a outra mulher responde, seu tom revelando desdém. Seus olhos estreitam-se levemente, evidenciando a tensão que se instaura entre elas.

Leana, por sua vez, não se intimida e mantém sua postura firme, sustentando o olhar desafiador.

— Não deveria me surpreender em te encontrar aqui. Afinal, você é a razão pela qual ele tem estado tão... ausente ultimamente. Mas não estou aqui para competir com você.

— Ainda bem que não, porque você não é bem-vinda aqui. Ele é meu marido e você agora está sobrando. — a mulher diz, elevando um pouco a voz, em um claro desafio.

— Não vim aqui para brigar. Apenas preciso resolver as coisas com ele, e sei que você também tem seus motivos para estar aqui, e eu respeito.

— Ele não está. Se quiser voltar amanhã, ou nunca mais... Você, nem ninguém, vai ser a amante dele. — a esposa mantém a frieza em sua voz, mas um tremor sutil denuncia sua fragilidade interna.

Respirando fundo para controlar suas emoções, ela decide responder com firmeza, mas sem entrar em confronto direto.

— E quem aqui falou em amante? Sei que ele é seu marido, mas também é alguém com quem eu preciso ter uma conversa, porque até antes de você voltar, eu já o namorava há algum tempo.

— Eu não dou a mínima, só quero que você respeite nosso relacionamento.

Indignada, Leana percebe que conversar com essa mulher pacificamente é uma tarefa dificil. Então, para não perder as estribeiras, decide se afastar, ciente de que a situação é complexa demais para ser resolvida ali naquele momento.

Ainda de costas, Leana percebe o baque da porta se fechando atrás dela. Em silêncio, ela segue adiante, as lágrimas traçando um caminho em suas bochechas.

A hostilidade recebida de alguém que mal conhece a atinge profundamente. Por mais que mantenha uma postura firme, ela lamenta a possibilidade de encerrar seu relacionamento dessa maneira, sob o peso do desdém de outra pessoa.

Na solidão da noite, Leana caminha pela rua, seus passos ecoando no asfalto. Cada passo parece mais pesado do que o anterior, carregando não apenas sua própria tristeza, mas também o peso da descoberta e da verdade que se revelou naquele encontro.

Mas aquilo que mais machuca, na verdade, é o sentimento de ter sido enganada por alguém em quem depositara seu afeto e confiança, isso é esmagador.

Perdida em um mar de sentimentos conflitantes, ela se sente desolada, uma sensação de dor que não pode ser expressa apenas em palavras, mas que se manifesta em cada suspiro pesaroso e lágrima derramada.

A dor que sente é mais do que emocional; é física, um aperto no peito que a impede até mesmo de respirar normalmente.

Enquanto tenta processar essa avalanche de emoções, Leana se vê diante de uma encruzilhada emocional, sem saber ao certo como lidar com a devastação da confiança traída.

Meu Coração é LaranjaOnde histórias criam vida. Descubra agora