Luca, um apaixonado por trilhas na floresta, vê-se obrigado a interromper sua jornada quando uma tempestade repentina o força a se hospedar em um misterioso hotel de beira de estrada. Inicialmente colocado no quarto número 1, Luca logo percebe que a...
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Isabela não demorou a voltar, trazendo consigo vários pratos empilhados repletos de comida. Os quatro nômades não hesitaram em ajudá-la a distribuir entre eles, todos comeram ávidos, conscientes de que precisavam deixar aquele piso antes que o odor da bruxa se dissipasse de seus corpos.
- Isabela... – Luca foi o primeiro a terminar – Onde está a sala de controle deste piso?
- Sala de controle? O que seria isso?
- Uma sala cheia de equipamentos; lá tem um pergaminho cheio de pessoas que morreram no hotel!
- Neste piso só tem os quartos numerados e os quartos do infinito, além do refeitório! – Isabela olhou para o lado de fora do quarto, analisando o corredor empoeirado.
- Era o décimo oitavo andar... – Luca pensava em voz alta – Será que a sala só está lá, ou também segue um padrão? O refeitório está em todos os pisos, o laboratório está nos pisos múltiplos de 10... 18 é múltiplo de 2, 3, 6 e 9... Podemos descartar o 2, pois só havia um laboratório no décimo piso...
- Eu já estive no nono piso, não havia nada lá também! – Falou Jasper enquanto continuava a comer.
- Então só sobra o 6! – Luca estalou os dedos – Então a sala de controle pode estar apenas no piso 18, ou em todos os pisos múltiplos de 6, se bem que ainda há a probabilidade de estar em todos os pisos múltiplos do próprio 18; este hotel está mesmo usando matemática!
- Uma matemática simples! – Emily foi a segunda a terminar sua refeição – Se me dão licença, tenho três partidas de xadrez para ganhar!
Passos apressados fizeram Emily parar sua caminhada até a porta; alguém se aproximava do quarto, mas não parecia ser um dos monstros. Era um homem, segurando Laura nos braços.
- Você deve ser a mulher que aceitou jogar xadrez com a minha filha, muito obrigado! – O homem disse enquanto colocava Laura no chão.
A menina segurava um tabuleiro de tamanho normal, junto dele havia uma sacola com as peças necessárias. Laura emanava um grande sorriso, depois de preparar sua bengala, ela começou a tatear o chão em busca de um bom lugar para jogar.
- Pode ser aqui? – A menina apontou para um dos pequenos cantos daquele quarto empoeirado.
- Como quiser! – Emily ficou frente a frente com sua rival de partida – Vamos começar!
Ambas sentaram-se no chão. Emily começou a observar a menina jogar as peças no chão e a organizá-las pelo tabuleiro enquanto o tateava.
- Vai ser mais rápido se eu organizar... – Emily se pôs – O que te fez gostar de xadrez?
- Para mim, o xadrez vai além das peças e do tabuleiro. Ele se tornou meu mundo tátil, onde consigo explorar estratégias, antecipar movimentos e, mais importante, ajudar minha família. Desde cedo, percebi que o xadrez não é apenas uma sucessão de jogadas visuais; é um desafio mental que posso enfrentar e superar. A razão pela qual amo tanto o xadrez vai além da diversão; é minha maneira de contribuir para minha família. Apesar da minha deficiência visual, descobri que minha mente pode ser afiada e estratégica. Ao participar de torneios locais, ganho pequenos prêmios que se transformam em uma ajuda real para nossas despesas. O xadrez é meu campo de jogo onde posso ser independente, tomar minhas próprias decisões e sentir o orgulho de minhas conquistas. Minha família, especialmente meu pai, sempre me apoiou nessa jornada. Neste universo estratégico, encontro minha voz e meu propósito. Cada jogada não é apenas uma movimentação de peça, mas uma oportunidade de superar limitações e mostrar ao mundo que a cegueira não define meu potencial. O xadrez é minha luz, meu caminho para ser útil, não apenas para mim mesma, mas para aqueles que eu amo.