27 - Marionetes

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Victor e Michael encontravam-se sozinhos, enquanto os outros nômades concediam tempo para que os dois pudessem discutir o plano

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Victor e Michael encontravam-se sozinhos, enquanto os outros nômades concediam tempo para que os dois pudessem discutir o plano. Os irmãos apenas se encaravam, hesitantes em dar o primeiro passo.

- Você... cresceu... - Michael reuniu forças para falar - Quando saí de casa, você era um toco de amarrar bode. Lembra quando você caiu, tentando pegar os biscoitos que nossa mãe escondeu, subindo na cadeira?

- Você cuidou de mim! - Victor respondeu - Lembra do dia em que me deu um urso de pelúcia?

Sem obter resposta, Victor respirou fundo.

- Michael, você está aí?

- Sim! Eu peguei ele nos achados e perdidos do metrô! - Michael respondeu.

- Me acusaram de ter roubado, e você me defendeu! - Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Victor - Naquele dia, chorei muito quando levaram o urso. Não imaginei que o nome do dono estaria na orelha!

- Lembra do dia em que te levei ao zoológico? - Michael perguntou - Você ficou morrendo de medo dos macacos!

- Um deles tinha roubado meu sorvete! - Victor soltou um leve sorriso - Você conseguiu comprar outro para mim!

Mais uma vez, Victor ouviu apenas o silêncio.

- Michael, você está aí?

- Sim! Perdemos o ônibus de volta para casa e tivemos que andar uns 7 quilômetros!

- Pegamos uma baita chuva naquele dia, e mesmo assim, você me carregou! - Victor fungou - Cuidou de mim quando fiquei resfriado... me ajudou a superar a prisão dos nossos irmãos e protegeu o Theo...

O silêncio dominou aquele quarto.

- Michael, você está aí?

- Sim! - Michael respondeu - Eu sei o que querem fazer, e têm a minha total permissão. Vou ser mais útil assim!

- Você não era um irmão ruim, mas fugir com todo o dinheiro da nossa família sem nenhuma explicação foi loucura! - Victor manteve a conversa.

Michael soltou um longo suspiro, direcionou seu olhar diretamente para os olhos de Victor.

- Você e o Theo mereciam mais do que um idiota feito eu! Mas se eu tivesse contado, você viria atrás de mim!

- Você me conhece! - Victor mostrou seu sorriso - Me desculpa, por não ter tido fé em você?

Victor não teve resposta.

- Michael, você está aí?

O olhar de Michael continuou fixo em Victor, seu olhar vazio e sem vida fazia jus ao seu estado físico; o homem já não respirava. No fim, Victor ficou sozinho, com seus próprios pensamentos e arrependimentos, parado no mesmo lugar, apenas encarando o cadáver do irmão. Da face do garoto que matou os próprios pais, lágrimas escorriam

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