Poema da Madrugada

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Há poesia a cada minuto que passa
após marcar as zero horas
é como sonhar acordado
embebedar o corpo de álcool

é reviver as lembranças do passado
fotos da galeria, um velho mosaico
é buscar um fatídico entretenimento
no noturno que existe, nos traz acalento

é conversar com o silêncio ensurdecedor
ou nem tanto assim, caso tenhas ventilador
é saber controlar o corpo a combater o sono
e caso seja insônia, dosá-lo de remédios

é ver a luz da tela de vossos celulares
ser a única luz ali presente em nossos quartos
ou talvez não, caso tenhas medo do escuro
mas o escuro não te assustas de verdade

teu medo é conseguir dormir e perder
toda poesia que existe na madrugada
pois sim, de fato, ela pertence aos poetas
nossos corpos dançam em gargalhadas
seja na solitude ou com a molecada

certeza eu tenho, é de ter na pernoite 
um bálsamo para meu corpo pesado
que finda os açoites e me gera abrigo
me faz auto refletir em espelho embaçado

afinal, mesmo que eu tenha que acordar cedo
já me vale o sacrifício, destas horas preciosas: a escrita deste poema,
enquanto me entristeço ao cantar sereno dos passarinhos

pois já alvoreceu, e a madrugada se foi, fugiu para o dia seguinte, escoltada pela esperança do eu-lírico de a possuir em poesia, novamente, e em cíclicos caminhos oníricos.


~Apoloet

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