Zéfiro

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Voam estas vidas ao vento
como se nada fossem, apenas tormento
velejam nas vitrines de ar que se formam
sobre nossas cabeças tão ocas, sopráveis

voam estes lírios ao vento
como se pudessem polinizar tudo em vida
e decorar túmulos e lápides em morte
por nossas lembranças, a divagar

voam estes pedaços de pele
que deixo para trás, em busca de paz
pele rasgada e definhada de tanto estresse
matéria orgânica para vidas menores

voam estas brumas tão leves
que de tanto soprar me levam a alma
para os confins de alguma ilha celeste
onde se tocam em harpas, melodias alegres

voam estas vozes tão graves
que ressoam nos vales e na brisa rasa
gritos imponentes de dor e lástima
por vidas que se perderam na guerra

voam tudo o que há de mais lindo
voam tudo o que há de mais triste
na brisa de zéfiro, por mais leve que seja
a efemeridade é pesada, se esbraveja. 


~Apoloet

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