Histeria

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Estenda-me a mão
e te arrancarei a alma
sou a criação
de uma lúcida sombra
mas não pertenço
a algum tipo de alegoria

persisto no mais tardio olhar
que me reclama a lentidão
de meus pensares a divagar
num mundo opaco de solidão

queira, sobressair
nos mais belos estorninhos
roubar-lhes a beleza, o canto
mas nada me resta, se não o espanto

aterrorizado pelas pinturas
que me pincelam a solitude
e por entre as mobílias tantas
me recaio ao devaneio, inquietude

há tanto aqui, mas nada é vivo
nem mesmo a mim, mas sobrevivo
nas vértebras de minha agonia, apoio-me
pois é tudo que me é herdado, cativo.

polímeros tão singulares
rodeiam meu corpo raquítico
permeiam minha alma aflita
percebo, que o processo é danoso
que sou meu próprio retrato
de uma pintura sobre óleo e histeria. 


~Apoloet

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