Agrura

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Ímpar ou par
levo minha rotina a castigar
todas as certas incertezas
toda pele perene sob correnteza

como um funil
bloqueia todas impurezas
deste mar de calcário, mar de mesas
que quebram suas próprias pernas
como crime factual de andar ilesa 

lareira velha
aquece minha sordidez
esquenta meu corpo culposo
mas não leva nas brasas
meus pecados, verniz doloso

padecem, em croma escuro
toda benfeitoria de algum tempo
com esbravejo sínico, penoso
uma íngrime agrura, ociosa 

odores, dos quais senti
presenças leves como pluma de garça
que outrora vida me trouxeram graça
mas nesta, permaneço na infame lembrança
de sofrer por tudo o que vivi, minha eterna desgraça.


~Apoloet

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