A Única Coisa

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EU ESTAVA EM UMA CLAREIRA NO MEIO DA FLORESTA fora de uma pequena cidade nas montanhas.

O sol estava quente nas minhas costas nuas.

As árvores balançavam com uma brisa fresca.

Os galhos tremeram. 

As folhas estremeceram.

Eu disse: 

— O que você quer de mim?

Não houve resposta.

— O que eu devo fazer agora?

Não houve resposta.

Eu disse: 

— Quem devo ser?

E meu pai disse: 

— Você sempre fez perguntas. Você estava curioso, mesmo antes de aprender a andar. Eu me afastava de você por apenas um segundo e, quando olhava para trás, você estava tentando rastejar para as estantes. Ou na cozinha. Ou para uma árvore. Uma vez, quando você era muito jovem, eu perdi você.

Eu abaixei minha cabeça.

Uma mão segurou meu rosto, o polegar roçando minha bochecha.

— Eu estava cansado — disse ele. — Eu não estava preparado para o que significava ser um Alpha. Achei que estava, mas ... sua mãe estava tirando uma soneca. Ela tinha mais do que merecido. Levei você para fora e você estava na grama perto da varanda. Fechei meus olhos, e eles não abriram tão rápido quanto eu esperava. E quando o fizeram, você se foi. — Ele suspirou e soou como o vento nas árvores. — Era branco, o pânico que eu sentia. Isso me consumiu, bloqueando minha visão, cheiro e audição. Quase caí da escada. Eu olhei em volta loucamente e pensei, Não, por favor, você também não, por favor, você não pode me deixar, você não pode me deixar.

Eu não conseguia mais olhá-lo de frente. 

Doeu muito.

— Então, eu fiz a única coisa que podia.

— Você uivou — eu sussurrei.

— Sim — disse meu pai. — Eu uivei mais alto do que nunca. Foi a chamada de um Alpha, a primeira vez que fiz isso. Ele saiu de mim e pensei que minha garganta fosse rasgar. Isso ecoou ao meu redor. Parecia que durou para sempre. Você sabe o que aconteceu depois...

Neguei com a cabeça.

Ele riu. 

— Você uivou de volta. Você nunca fez isso antes, não importa o quanto eu pratiquei com você. Sua mãe sempre ria de mim, dizendo que você faria isso quando estivesse bem e pronto. Era uma coisa minúscula, alta e esganiçada. E então você fez isso de novo e de novo e de novo, e o alívio que eu senti então. Oh Deus, JungKook. Era tão verde. Eu me virei e lá estava você, embaixo da varanda. Você estendeu sua mãozinha, abrindo e fechando. Como se você estivesse dizendo: Estou aqui, papai. Estou aqui, ouvi você me chamar, ouvi você cantando e aqui estou’. Eu peguei você e, embora tenha pensado em repreendê-lo, não o fiz. Porque eu sabia que você tinha feito o que eu pedi. Eu uivei, e você uivou de volta porque era meu.

Sua mão estava no meu cabelo e parecia tão real.

Ele disse: 

— Ouça bem, meu filho. Ouça com todas as suas forças. Sua matilha está gritando para você voltar para casa. Pois você é um dos sortudos por ouvir as canções dos lobos, por tê-los dizendo seu nome como se você fosse a lua que os puxa.

Os lábios pressionaram minha testa e eu o inspirei.

— Acorde — meu pai disse contra minha pele. — Acorde e cante para que o mundo saiba o seu nome. Você precisa acordar…

Song of the Pack - Book 4 (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora