Capítulo 13

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Bati o pé impaciente, batucando o lápis contra a mesa, bufando baixinho ao encarar pela décima vez aquela questão de álgebra que estava na minha frente. Eu via o professor andando pela sala procurando alunos que estivessem colando em seu teste. Era a terceira semana de aula e eu já estava me ferrando com esses testes. Como se eu conseguisse pensar em álgebra. Ou em qualquer outra coisa que não fosse:

Marília Mendonça.

E seus lábios macios, que eu praticamente ainda conseguia sentir entre os meus. Mesmo que já se passasse três semanas desde o nosso beijo desajeitado na viatura. E, por sinal, três semanas que tudo que escuto de Marília é "Bom dia" "Boa Noite" e, no jantar do último domingo evoluímos para um "passe o sal". Ela saiu de rude para indiferente, como se eu não existisse.

Admito que preferia que ela fosse rude, provocá-la era divertido. E sexy e levava com que ela me beijasse e...

Droga.

Ela estava presa em minha mente.

- Srta Pereira, a janela está mais interessante que seu teste? - ouvi a voz do professor e algumas risadas ecoarem pela sala.

- Procurando inspiração divina para terminar isso - respondi, causando mais risadas e vendo meu professor negar com a cabeça quase sorrindo divertido.

Voltei minha atenção para a folha na mesa, marcando qualquer alternativa e torcendo mentalmente para ter feito o chute certo. Me levantei, jogando a mochila nos ombros e deixando o teste na mesa do professor antes de sair da sala, encontrando Bruno e Maiara escorado nos armários dali.

- Você demorou Maraisa! - Maiara resmungou, enquanto começávamos nosso caminho ao refeitório.

- E ainda nem fiz todas as contas - murmurei um pouco frustrada - Estou distraída.

- Isso eu notei no seu treino de vôlei ontem - Bruno disse entre uma risada - Levou quantas bolas na cabeça?

- Ai Cala boca idiota, que doeu pra caralho - reclamei, o empurrando levemente antes de sentarmos em uma das mesas do refeitório.

- Doeu o sermão que o treinador te deu né? Porque eu ouvi da arquibancada! - Bruno respondeu ainda rindo e causando a mesma risada em Maiara.

- Mas o que está te deixando assim? - Maiara questionou um pouco preocupada.

Mordi meu lábio inferior ao lembrar da causa da minha distração.

- É algo que eu não deveria nem estar pensando - neguei com a cabeça, lembrando da conversa com meu melhor amigo.

- Mas se está te incomodando a ponto de você não conseguir se concentrar nos estudos, deveria dizer, não? - Maiara argumentou me fazendo soltar um suspiro pesado, olhando ao redor encontrando Taylor e suas amigas em uma das mesas do canto.

- A irmã mais velha da Taylor - respondi, vendo meus amigos franzirem o cenho.

- Aquela que te prendeu antes das férias? Ela te prendeu de novo!? - Bruno perguntou confuso e incrédulo.

- Não, na verdade estávamos nos entendendo melhor - expliquei em um tom mais baixo - Só que, ela vive relembrando que eu sou uma Pereira e que nós não prestamos. Queria entender porque ela odeia tanto minha família - completei, omitindo a parte sobre o beijo, soltando mais um suspiro chateado.

- Talvez ela não goste só por ser uma policial - Maiara sugeriu dando ombros, mas neguei com a cabeça.

- Não é isso, tipo, eu sei que meu pai fez merda e ele é um cara horrível - admiti, ainda sentindo meu peito doer por dizer essas palavras - Mas o que eu já fiz que tenha a feito me odiar tanto? Eu sei que causei problemas, mas para ela me tratar como faz!?

Lost Girls - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora