Capítulo 32

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⚠️ Alerta de Gatilho ⚠️

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Pov Maraisa Pereira

Tremi um pouco de frio, fechando os últimos botões do meu macacão. O inverno na Flórida nunca era muito frio, como em outros estados que tinham temperaturas abaixo de zero. Mas qualquer vento estava me fazendo sentir um desconforto. Porém, o céu nublado me dizia que realmente o clima não estava dos melhores. Agradeci mentalmente não estar presa em algum estado do Norte onde eu teria que lidar com neve.

- Hey - ouvi a voz de Janet e engoli em seco sem erguer minha cabeça - Frio? - perguntou em um tom calmo.

- Um pouco - respondi baixinho, sentindo em segundos uma manta em minhas costas e em seguida ela se sentando ao meu lado.

- Você já foi mais educada - resmungou e eu soltei um suspiro, erguendo meu olhar.

- Obrigada - murmurei um pouco a contragosto, mas mesmo assim ajeitei o cobertor em meu corpo.

- Espere um pouco - pediu, encostando a mão em meu rosto e automaticamente tentei me esquivar - Fica parada garota, eu só quero ver se está com febre - puxou meu rosto e eu tentei não bufar.

Lembrando que tive febre essa semana, o que me fez passar a noite e o dia na enfermaria porque poderia significar que eu havia contraído uma infecção por causa da cicatrização da cirurgia.

- Não, é só frio comum mesmo - Janet informou, soltando meu rosto após um tempo e apenas me olhando, me mexi no banco onde eu estava e cruzei as pernas em cima dele.

- O quê foi? - perguntei na defensiva, me sentindo incomodada com seus olhos em mim.

- Nada, só gosto quando você fica boazinha assim - respondeu dando ombros, tirando meu cabelo do rosto e o colocando pra trás.

Fiz toda a força mental possível para não me mexer, ignorando a forma como meu corpo ficava tenso em momentos assim. Mesmo que eu devesse estar acostumada por agora.

- O que quer jantar hoje, bebê? - perguntou, sem se importar com meu desconforto e me puxando até que eu estivesse sentada em se colo.

Tentei sair dali, mas suas mãos firmes em minha cintura me impediam disso. Olhei ao redor, procurando qualquer pessoa que pudesse me livrar daquilo, nem que fosse para tentar me dar uma surra. Só que todas as detentas estavam aproveitando o dia mais frio, até as outras duas idiotas estavam em uma partida de futebol. E a minha única colega dentro daqui estava conversando com suas amigas.

Eu não me importaria nem se alguma guarda me designasse alguma tarefa do tipo ir para lavanderia ou lavar os banheiros. Eu faria qualquer coisa.

- Maraisa? - sua voz soou levemente repreensiva e eu soltei um suspiro, tentando me acalmar - Eu te fiz uma pergunta, nenem - lembrou.

- Qualquer, hm, qualquer coisa está bom - respondi baixo, tentando focar minha atenção em outra coisa.

- Vamos lá, sabe que te consigo esse qualquer coisa, que tal uma torta de chocolate? - sugeriu quase carinhosamente, pousando sua mão em minha coxa - Você está merecendo um agrado depois desses dias - comentou com uma risadinha que eu já identificava bem.

Fiz uma careta, cruzando meus braços e sentindo meu estômago revirar.

Eu já estava presa há seis meses e haviam algumas coisas que eu sabia. Eu sabia exatamente o que fazer ou dizer se quisesse passar alguns dias longe das detentas que me odiavam. Eu sabia que cada ação tinha uma reação. Já sabia até identificar o olhar de uma detenta e saber se no fim do dia eu precisaria ir à enfermaria, uma bolsa de gelo ou apenas a cama dura da minha cela. Em alguns dias eu tinha minhas tarefas e em outros eu não fazia absolutamente nada. Uma vez por semana assistíamos um filme. E eu estava diminuindo os meus dias na solitária.

Lost Girls - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora