Luna sente os olhos cheios de lágrimas, mas não diz nada, apenas acomoda sua filha nos braços e a mochila nas costas. Agradece a mulher baixinha e rancorosa e sai do pequeno apartamento, logo estava na rua. Literalmente.
Respirou fundo e encarou o céu, talvez pedindo um novo plano para Deus. Ela já esteve nessa antes.
Olha para os lados, atravessa a rua e entra no pequeno estabelecimento onde ela costumava passar o pouco tempo livre que tinha. O cheiro de gordura e o chão de madeira. Luna se sentou na mesa mais afastada e acomodou Sol em seu colo. Logo a pequena garotinha estava mamando.
Ela lidou com tudo cedo demais e sozinha. Uma gravidez indesejada aos quinze anos, ser colocada para fora de casa e ter recebido uma porta na cara quando tentou se comunicar com a família de seu ex namorado de escola. Abandonou os estudos e passou a trabalhar, pra cuidar da criança e ter um teto pra viver, mas, é ilegal contratar menores de idade para trabalhos regulares, e, principalmente se eles não estudassem.
Luna passou por muita coisa apesar da pouca idade. Aprendeu sobre o quão egoísta o mundo era e que dinheiro não podia comprar felicidade, mas comprava o caminho pra isso e muitas das vezes não era simples luxo.
Enquanto ela alimentava Sol, com a cabeça encostada na parede e os olhos fechados, as poucas lágrimas escorrendo e o casaco surrado caindo em seus ombros, cinco garotos atravessaram a porta de vidro e fizeram seus pedidos de forma simpática e engraçada. Ela não reparou, mas podia ouvir a bagunça.
No meio dos cinco, Richard. Ele não conseguia tirar os olhos de Luna e não entendia porque sua mente o pedia tanto que a desse atenção. Seu primeiro pensamento era como o da maioria das pessoas.
"Ela não é jovem demais pra carregar um filho nos braços?"
Sem entender muito bem o que fazia, ele pediu um prato a mais, e ao invés de se juntar aos amigos, se sentou na frente da garota, que agora ajeitava a camisa em seu corpo e deixava que a pequena Sol dormisse.
Colocou um dos pratos na frente da mais nova, assim com a fez com o seu. Luna encarou toda aquela comida e tentou se lembrar da última vez que comeu decentemente.
- Posso ficar aqui com você? - O tom simpático e calmo fez com que ela o alcançasse o olhar e o desse um chio confuso como resposta. - É pra você, eu não sei exatamente do que gosta, mas frango frito não parece uma má opção pra ninguém.
- Obrigada! - Murmura, não se contendo em comer a primeira garfada.
Ela está acostumada a ver mais sinceridade em estranhos do que nos poucos que deveria ter em volta. Acredita que Deus tem formas inesperadas de mandar socorro, e que talvez hoje seu socorro usasse roupas caras e o cabelos bagunçados.
- Você é daqui? - Richard murmura, apoiando o cotovelo na mesa, o queixo na mão.
- Uhum! - Dá de ombros - Você também é?
- Uh, não. - O mais velho murmura, na sensação estranha de vê-la comer como se não pudesse fazer aquilo sempre - Vim da Colômbia. Já esteve lá?
- É, acho que sim - Solta o garfo no prato para acomodar novamente a criança que se mexia preguiçosamente - Quando eu era criança, talvez.
Richard ri fraco com aquilo. Luna também se pegou pensando na mesma coisa. Ela ainda era uma criança.
- Hum, me... Desculpa por perguntar, sério. Pode soar rude - O jogador coloca os cabelos para trás, voltando para a mesma posição de antes. - Esse bebê é seu filho? Você está sozinha?
Ela respira fundo. Essa era uma pergunta frequente, e a dificuldade para respondê-la é sempre a mesma.
- É, é sim! - Sorri sem mostrar os dentes - O nome dela é Sol. E, bom, eu tenho ela. Não estou sozinha.
Richard ficou com medo de soar indelicado caso fizesse mais perguntas, mesmo que não tivesse apenas curiosidade. Então tentou escolher com cautela as próximas palavras
- E o seu nome, é...
- Luna. - Murmura, fazendo-o sorrir com a relação dos nomes. Ele se concentrou no significado daquilo por alguns instantes - O seu?
- Uh, Richard. Prazer. - Diz, alguns segundos antes de seus amigos virem na direção da mesa - Eu... Não sei porquê, mas - Pausa para puxar o guardanapo e tirar a caneta do bolso - Me liga, se precisar. Se quiser conversar, ou se precisar de alguma coisa. Não hesite, por favor.
Ele deixa o papel embaixo do prato praticamente vazio, junto com o troco que havia recebido quando comprou a comida. Era uma quantia razoável, contando que o preço do local era bom e ele não tinha apenas cem dólares inteiros no bolso.
Não por uma razão expecifica, porque ele não tinha um conceito financeiro para Luna. Mas sentiu vontade, então apenas o fez.
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alright, richard rios.
Fanfiction"não é tarde demais pra construir tudo novamente. porque uma chance em um milhão ainda é uma chance e eu vou correr os riscos!" onde luna e sua filha bebê estavam sendo despejadas de seu apartamento. sem ter lugar para passar ao menos uma noite com...