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— Eu vou ficar. — Murmuro, quando meu pai se levanta do sofá e pega as chaves, me chamando. Sol estava dormindo no meu peito e eu só sairia daqui quando ela decidisse que eu podia sair.

— Vai ficar querendo, né, Richard? — Dona Sandra grita da cozinha, chegando no meu campo de visão em dois tempos. — Você e a Luna estavam se pegando agora há pouco, você acha que eu vou deixar vocês sozinhos?

— Mãe! — Acabo rindo, sem nem me mexer. — Eu vou mais tarde então. Relaxa.

— Eu tô de olho em vocês, então. Se você não tiver em casa até dez horas eu mando teu pai aqui.

Escutei algumas outras recomendações até que a casa estivesse vazia. Luna estava tomando banho e Sol estava apagada no meu peito.

Ainda não sei lidar com a paz que estar entre elas me trás. Escutar a respiração tranquila daquela miniaturinha de gente enquanto meus dedos se enrolavam em seus cachinhos era uma das sensações mais gostosas que eu podia sentir e eu ainda não havia me acostumado.

— Sandra, eu queria saber se... — Luna vem do corredor, prendendo os cabelos e me entregando uma feição confusa, que logo se suaviza quando vê sua filha em meu colo. — Todo mundo foi embora? — Resmunga, vindo na minha direção.

— Uhum. — Devolvo, a assistindo se encolher do meu lado, de frente para mim e o queixo apoiado nos joelhos. — Pode ligar pra minha mãe se quiser falar com ela. Eles saíram agora há pouco.

— Ah, não, não era nada importante. — Dá de ombros, encarando a janela por trás de nós. — Vai ficar pra dormir?

— Você quer que eu fique? — Ergo as sobrancelhas, num tom divertido.

— N-não é isso. É que eu achei...

— Não precisa ficar nervosa, princesa. — Rio fraco, apertando seu queixo. — É só engraçado que você agiu como um poço de auto-confiança mais cedo e agora tá aí, toda nervosinha.

— Você é um babaca. — Chia, me seguindo ao rir. — Pode colocar ela no quarto se quiser, vou pegar alguma coisa pra comer.

O lugar de Sol foi substituído por Luna. Ela estava deitada em meu peito, brincando com as correntes em meu pescoço enquanto conversamos sobre algumas besteiras.

— Eu acho que não conseguiria te agradecer o suficiente. — Ela suspira, arrastando os dedos pela minha pele agora. — Eu não estaria aqui agora se a gente não tivesse se conhecido aquele dia, na lanchonete. — Continua, seu toque subindo para o meu maxilar. — E se você não tivesse parado, me escutado. Se não tivesse atendido o telefone. Só Deus sabe onde Sol e eu estaríamos agora.

— Acredita em mim, eu não fiz nada demais. — Solto a respiração, juntando seus cabelos atrás de seus ombros. — Você é tão forte, eu queria que soubesse disso. Foi você quem conquistou tudo isso, você quem foi corajosa o suficiente pra colocar tudo no lugar.

Ela não diz mais nada. De alguma forma, ela dedilhava meus lábios agora, com a outra mão agarrada na minha camisa.

Seu silêncio começou a me incomodar quando eu podia ouvir seus murmáúrios. Me incomodava ainda mais porque ela parecia tensa.

— Tudo bem? — Murmuro, abaixando o olhar e erguendo seu queixo.

— As vezes, eu me pergunto quando você vai embora. — Ela diz, a voz embargada.

— lr embora? — Chio, um tanto confuso. — Eu falei que você não precisava nem sair lá de casa!

— Quando você vai sair e não vai voltar?

— Luna, do que você está falando? — Junto as sobrancelhas, Ela se senta e seca o rosto rapidamente. Eu a acompanho quase que imediatamente.

— Todo mundo vai, Rich. Até meus pais foram.

Observo suas mãos brigarem impacientemente, o arrependimento a atingir e ela respirar fundo.

— Eu não vou. — Afirmo, a dando uma certeza que eu não podia ter. — Não importa o que já aconteceu, Luna. Eu não vou te deixar.

Ela sorri fraco. Encara diretamente nos meus olhos, antes de acomodar entre meus braços. Eu a deixaria ali por toda a vida.

alright, richard rios.Onde histórias criam vida. Descubra agora