a little too much

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Richard

— Você tem um coração que não cabe em você, Richard. — Piquerez murmura, talvez como uma reclamação. — E se isso meter a gente em uma furada, eu vou fazer o sonso e anunciar sua saída do time antes que você saiba.

Ele dirigia e eu estava no banco do carona, depois da ligação de Luna eu me desesperei um pouco e Joaco tentou entender a situação o máximo possível. Eu dei a localização e ele apenas estava me levando até lá.

Eu sabia que tinha algo errado com aquelas duas e eu sabia que estaria envolvido em pouco tempo. Apesar de não ter acreditado que ela realmente fosse me procurar.

— Ali! Ali, no ponto de ônibus. Para ali! — Espalmo a mão no vidro embaçado, fazendo o mais velho bufar antes de diminuir e encostar o carro.

Parecia que estava caindo o céu do lado de fora. Luna segurando a criança em seus braços da forma mais protetora possível partiu meu coração de todas as formas possíveis.

Alcanço as cobertas que havia pego em casa, abrindo a porta e me apressando pra não me molhar.

— Eu disse que ia ser rápido, certo? — Murmuro, desdobrando o tecido grosso e envolvendo a mais nova ali. — Tudo bem, vamos.

Luna teve certeza que Sol estava bem e aquecida entre seus braços antes de se levantar e me acompanhar até o carro. Tiro a mochila pesada de suas costas com a maior delicadeza que podia, a colocando no banco da frente quando entro ao lado da morena.

— Você tá bem? — Questiono, tirando os fios de cabelo grudados em sua testa e os colocando para trás de seus ombros. — Vocês, eu quis dizer.

— Uhum. Obrigada, sério, mesmo.

Ela pareceu constrangida o caminho inteiro. Não trocou muitas palavras, passou o tempo inteiro brincando com a mãozinha de sua filha.

Aquilo me apavorou de primeira. Luna, com certeza, não tem mais de vinte anos, é uma criança carregando outra. Me incomoda que ela pareça não ter ninguém e me incomoda senti-la tão fria. Ela podia estar vivendo uma juventude normal agora. Eu estava um tanto preocupado com como tinha sido até agora, se ela tinha alguém pra acompanhar a gravidez e se tinha alguém ao seu lado durante o parto, e se as primeiras semanas como mãe tinham alguém pra ajudá-la. Eu precisava saber mais.

A chuva continuava a mesma quando Piquerez parou em frente a nossa casa. Gomez estava na porta, talvez curioso.

Já dentro de casa, guio Luna até o sofá e deixo que ela se sinta confortável ali, alegando que ia na cozinha buscar água.

— Richard... — Gustavo murmura ao encostar no batente da porta, me observando tirar o copo de vidro do armário — Aquela criança... — Começa, cruzando os braços na frente do peito — É sua? Quer dizer, você é pai dela, ou...

— Quê? Gomez, não! — Digo confuso, tirando a garrafa plástica da geladeira. — Eu não sou pai, bro. Eu só... Conheci as duas e decidi que precisava ajudar.

— É que você chegou todo cuidadoso com elas, e, ficou meio desnorteado quando recebeu a ligação, achei que...

— Relaxa! — Rio fraco, passando pelo mesmo, segurando a garrafa e o copo — Você aceita água, Luna? — Questiono assim que a mais nova está no meu campo de visão novamente.

Ela apenas assente. Sol estava mamando agora, elas pareciam mais confortáveis.

Encho o copo e a entrego. Meu coração se aperta quando a assisto tomar aquele copo inteiro como se fosse um bem sagrado, mais ainda quando ela pede mais.

Eu devia agradecer pela água que eu bebo mais vezes.

alright, richard rios.Onde histórias criam vida. Descubra agora