finally

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Luna

Gomez me ajuda a trocar o sofá de lugar e bagunça meus cabelos antes de sair e encostar a porta. Veiga entregou a última malinha (palavras dele), e logo éramos apenas minha filha e eu.

O apartamento é simples, pré mobiliado e bem ventilado. Iria metade do meu salário mensalmente, mas me parecia um novo começo e eu precisava disso.

Eu adorava os cuidados de Richard assim como gosto da companhia dos meninos. Sol adora eles e eu sou mais que agradecida, acho que nunca vou deixar de ser. Mas eu precisava seguir meu próprio caminho, precisava escrever minha própria história e não dava pra fazer isso — no melhor sentido possível, eu juro — nas costas de Rich.

Escuto o barulho no final do corredor e me apresso pra chegar lá, para encontrar Sol perdida entre os brinquedos que ganhou dos meninos ultimamente. A caixa onde eles estavam antes recém derrubada e todas as peças de lego jogadas no chão, junto com as poucas bonecas e todos os bichinhos de pelúcia. Ela é muito mimada por eles.

— Mama, caiu! — Ela resmunga, talvez tentando me fazer acreditar que foi tudo um acidente. Apenas rio fraco e a pego no colo.

— Sim, eu acredito que caiu, meu amor. — Mordo sua bochecha de leve, recebendo um chiado e um empurrão como reação.

— Eca, mama! — Retruca, enquanto eu refazia o caminho para a sala, encontrando o irmão de Richard e Piquerez ali, instalando uma TV que não era minha.

Veiga parece voltar da cozinha, as mãos molhadas e os cabelos fora do lugar. A caçula dos Ríos não fala nada quando entra no apartamento e passa direto para o meu quarto, empurrando o carrinho de compras cheios de coisas que eu não fazia ideia do que era. Quando todo mundo entrou aqui?

— Acho que vai querer tudo arrumado até o Natal. — O uruguaio sorri fraco, atravessando o cômodo enquanto largava os fios que carregava pelo chão. — Acho que conseguimos, Richard e Gomez foram no supermercado, a tia Sandra e o Murilo vão vir ajudar a limpar o que estiver bagunçado. A irmã dele disse alguma coisa sobre seu quarto, Veiga recolocou a torneira da cozinha e nós pegamos a TV sobrando lá de casa e colocamos aqui. Ainda não acabamos. Espero que não se incomode.

Estreito os olhos.

— Não precisava de tudo isso.

— Uhum. A gente só quer mesmo — Dá de ombros, virando para trás quando escuta o irmão de Richard reclamar. — Pode dar uma volta, se quiser.

Eles viviam me elogiando e Richard adora dizer como eu sou bem mais do que ele esperava. Mas eu realmente acredito que eles sejam a parte extraordinária da história, todos eles. A Sandra que não se importaria em entrar numa briga judicial com meus pais, por minha causa, o Richard que se importa até demais, Veiga que me zoa mas no fundinho me deixa ganhar no videogame, até mesmo o mais velho dos irmãos Ríos que chegou ontem a noite e já me contou o que sabe sobre programação. Temos uma paixão em comum.

Era ali que eu finalmente queria estar. Eu sabia que haviam outras alternativas e que pequenas decisões passadas poderiam me levar à um rumo diferente, mas, de todas as circunstâncias, essa é a melhor, sem dúvida. Todas as pessoas que tenho em volta e toda a boa energia que elas carregam. Toda a empatia que recebi, é bem mais do que eu jamais vou merecer, mas eu era agradecida por cada pedacinho.

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acalmem o coração, ainda estamos um tanto longe do final! :)

alright, richard rios.Onde histórias criam vida. Descubra agora