cool people

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Luna

Demorei pra me lembrar de onde estava quando abri os olhos. Encarei a decoração mórbida do quarto mal iluminado e agradeci por estar numa cama grande e confortável. Sol ainda dormia entre os travesseiros — que eu coloquei pra ela não rolar — parecia tudo bem agora.

Pensei nas palavras de Richard e em como fui pega de surpresa. Honestamente, eu vivo chorando então eu nem considero esses "momentos" mais. Foi surpreendente quando ele me falou aquelas coisas e eu nem sei como me sinto sobre isso, até agora.

Interrompo meus pensamentos quando a pequena criaturinha se esforça para chegar até mim. Procurando leite, claramente.

Eu senti e passei por muita coisa durante toda a gestação de Sol e depois dela também. Mas a única certeza que eu tinha era que nós temos uma a outra, e é por isso que neguei abortar e neguei a adoção quando meus pais sugeriram. Talvez seja por isso também que não tenho mais ninguém.

— Luna? — Richard aparece apenas com a cabeça na porta, entrando por completo quando percebe que eu estava acordada. — Eu pensei em trazer o seu café aqui mas eu queria te apresentar para os meninos, então você pode ir pra lá a hora que quiser, ok?

Apenas assinto várias vezes, mesmo estando um tanto nervosa quanto a isso. Richard apenas sorri fraco e sai.

Eu não pretendia ficar. Eu não podia ficar. Ele poderia me julgar como ingrata mais tarde, mas não dá pra viver as custas de ninguém.

Quando Sol termina de mamar e eu coloco minha camisa no lugar, respiro fundo antes de pegar a pequena no colo e me levantar.

— Ah, ela chegou! Gente, essa é a Luna. — O maior caminha até mim, me segurando pelos ombros, num ato carinhoso — E essa é a Sol.

O camisa vinte e três não se importa em passar por nós e entrar no corredor. Uma porta bate alguns segundos depois.

— Abel não deixou ele voltar pra casa antes do jogo do dia oito. — O uruguaio faz aquilo soar como uma justificativa, enquanto caminha até mim. — Eu sou o Joaquín, é um prazer te conhecer — Toca meu antebraço, como comprimento. — E você também, princesinha! — Sua voz afina aqui, ele segura a a mãozinha de Sol, que ri. — Posso pegar?

— Uhum — Murmuro, um tanto apreensiva com isso. Mas a própria Sol se joga para o colo do maior e logo os dois estavam brincando como se fossem amigos de longa data.

— Bom, quer tomar café? — Richard chia humorado, assistindo Piquerez jogado no chão com Sol. — Vem, os outros meninos estão na cozinha.

Fui apresentada a Murilo e Gustavo. Eles pareciam simpáticos e gentis. Sugeriram que eu comesse do bolo de chocolate e me perguntaram se eu conhecia o time deles. Ficaram de me mostrar alguns lances dos jogos depois.

— Precisa de alguma coisa? Tipo, sei lá, do que você precisa? — O moreno apoia o cotovelo na mesa e o rosto na mão.

— Eu não posso ficar nas suas custas, Richard. — Murmuro, deixando minhas mãos caírem no vão entre minhas pernas, não evitando rir fraco quando escuto a gargalhada da minha filha.

— Mas você não está às minhas custas. — Ergue as sobrancelhas — Você é uma amiga, que está passando por um momento difícil e que eu estou tendo o prazer de ajudar. Quando você crescer e acertar o que precisa acertar, seja lá o que for, você pode me retribuir.

Rio fraco de suas palavras. Do fato dele realmente me considerar uma criança e de estar tão disposto a ajudar. Talvez eu não precise negar.

alright, richard rios.Onde histórias criam vida. Descubra agora