some type of love

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Luna

— É que eu tenho medo, Sandra. — Resmungo, sentindo os dedos delicados da mais velha trilharem linhas pela minha bochecha.

Eu não sabia exatamente quando ela chegou aqui, mas era de manhãzinha e eu tinha dezessete chamadas perdidas de Richard, sem contar as do irmão. Ela apareceu toda preocupada, pra me encontrar uma total bagunça. Por causa de um selinho.

— Onde você está agora, Luna? — Questiona, juntando meus cabelos agora.

— Em casa? — Murmuro, demora algum tempo até que aquilo me atingisse de verdade.

Eu estava na minha casa. Eu tenho quase dezenove anos, uma filha de quase um e estava morando na rua com ela até dois meses atrás.

Eu passei por uns bocados até chegar aqui, e, de alguma forma, eu consegui.

— Exato. Você já conquistou muito pra estar com medo de uma coisa assim. — Afirma, a escuto suspirar — Principalmente pelo Richard. Nós duas sabemos que ele cuida de você e da Sol como se fossem de porcelana, e, não é porque ele é meu filho, mas o Rich é um príncipe e nunca te faria nada de mal.

— Eu sei que não, Sandra. — Me concentro em parar de chorar, agora sentada. — O problema sou eu, sabe? E se der tudo errado de novo?

— Eu não vou te falar mais nada, Luna. — Ela me empurra de leve, se levantando.

É incrível a capacidade de Sandra de parecer uma mãe e uma adolescente ao mesmo tempo.

— Vou ligar para as crianças e chamar eles pra comer aqui. Vamos fazer o almoço, vem.

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— O Joaco chamou a gente pra passar o Ano Novo lá. — Richard anuncia, enquanto cortava a salada, de jeito preguiçoso e debruçado na bancada.

Os três chegaram aqui em dois tempos. A irmã estava na sala com o pai deles e Sol, enquanto o irmão, Sandra, Richard e eu preparamos o almoço. Eu quase não tinha aberto a boca.

— Na Times Square? — Seu irmão questiona, as sobrancelhas erguidas e os pratos na mão. — Mamãe vai pagar minha passagem?

— Eu já pari e alimentei por tempo o suficiente, agora se vira. — Tia Sandra coloca os talheres sobre a mesa, passando por mim e não economizando tempo em me analisar. Lá vem. — Luna vai também, né?

— Vai sim. — Richard devolve, contornando a ilha de madeira e parando ao meu lado, sua mãe já havia sumido do cômodo. — Senti sua falta lá em casa ontem. Ainda não me acostumei em acordar e não achar vocês.

Sinto meu coração acelerar quase que instantaneamente. A faca escorrega entre meus dedos e por um milagre eu não machuquei.

— Cuidado! — Ele ri, tirando metade das cenouras que eu descascava e colocando em seu pote. — Quem deixou a criança mexer com faca?

— Deve ser a mesma pessoa que deixou você sair de casa com esse celular pendurado no quadril — Brinco, erguendo as sobrancelhas e indicando para as correntes que seguravam o aparelho.

— Você está muito ousadinha, Luna. — O colombiano se aproxima, o antebraço apoiado na bancada agora. — Eu sei que você está um pouco confusa por causa de ontem.

— E-eu não estou, é só que...

— Que eu te beijei e saí, é isso, mas eu realmente quero colocar as coisas no lugar, e... — Foi a minha vez de interrompê-lo, com as sobrancelhas juntas e um sorrisinho um tanto debochado.

— Selinho não é beijo, Richard.

alright, richard rios.Onde histórias criam vida. Descubra agora