O Sentimento Existente

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Eu admito, não cheguei a chorar em si no ombro dele. Apenas lágrimas lentas escorrendo sobre minhas bochechas. Eu não considero isso um choro, pra mim chorar seria ao ponto de soluçar, gaguejar, mas acho que ainda não me sinto TÃO seguro a esse ponto.

Pelo fato de eu não estar chorando "de verdade", nosso abraço foi apenas pra me confortar, não me acalmar, por um lado. Então a ação não durou tanto assim, no máximo um minuto. Eu queria que durasse mais. As lágrimas não paravam de escorrer de jeito nenhum. Matheus olhou em meus olhos, e suas duas mãos chegaram em minhas bochechas, limpando meu "choro" usando seus polegares.

Fechei meu olhos e abaixei minha cabeça com seu toque. Ele levantou meu queixo gentilmente, fazendo minha cabeça subir novamente, e nossos olhos se encontrarem mais uma vez. Fiquei imóvel, respirando pesadamente, até notar os olhos de Matheus descerem até meus lábios, mas até mesmo de eu reagir, ele desviou seu olhar, suspirando comigo. E isso tudo em silêncio.

Suas mãos sairam do meu rosto, e ele abaixou sua cabeça também. A porta se abriu. Limpei minhas lágrimas rapidamente, e olhamos em direção ao movimento. Era Miguel entrando.

Miguel: A Ju tá chamando vocês pro café!

John: Ah... A gente já tá indo.

Ele entrou no quarto e deu uma corridinha até mim, me abraçando forte, também. Me agachei para ficar no nível do meu irmão, e o abracei de volta.

Miguel: Feliz aniversário!!! — Me deu um beijinho na bochecha.

John: Obrigado, meu amor.

Retribui o beijo, só que em sua testa. Miguel se afastou, voltando até a porta. Fechou e saiu. Me levantei do chão, e olhei pra Matheus novamente. Ele selou seus lábios, parecia segurando a risada, ou se segurando pra não dizer algo muito estúpido.

Matheus: Posso ter um beijo desses também, mas em outro lugar?

John: Não.

Matheus: Nossa, que dor.

Soltei uma risadinha, e peguei o livro em cima da cama, e o resto das coisas que estavam lá. Dei mais uma observada, e senti meu coração se esquentando, de uma forma boa.

Matheus: Tirando a parte depressiva... Você gostou?

John: Sim... Eu amava esse livro... Admito que não lembro muita coisa dele, então vai ser ótimo reler... Obrigado...

Matheus: De nada. Eu sei que sou incrível.

Ele não perde uma oportunidade mesmo, né? E sobre o contato físico que tivemos agora pouco... Sem comentários.

Arrumei algumas coisas na mesa que tinha ao lado da cama, e fui ao banheiro, fazendo o quê precisava, principalmente trocando de roupa, porque descer pra um restaurante de pijama é mico! Depois de fazer tuuudo, descemos pro café. É claro que lá, todos começaram a dizer 'feliz aniversário' e etc etc... Até me senti mais confortável desse jeito. Não tem como esse dia ser tão ruim... Ou é melhor eu calar a boca antes que um desastre aconteça.

Depois de comer, já tínhamos a ideia de ir pra praia, e isso não é uma má ideia. Quanto mais cedo melhor. O hotel que estávamos era literalmente em frente a praia, só tinha que atravessar a avenida e pronto. Pegamos toda as coisas que precisavam, e o sol tava uma desgraça, vou chegar em casa depois todo queimado, sensível a qualquer toque, eu tenho certeza.

E finalmente, depois de muita loucura, finalmente estamos na tal famosa praia. Decidimos ir pra um lugar mais vazio, e por sorte tinha, claro. Sempre tem se procurar. Minha irmã arrumou todas as coisas lá, pegou várias cadeiras de praia, guarda sol, toalha, um frigobar, doce! Apenas me sentei na areia, e coloquei um óculos de sol. De repente um ser aparece de bermuda e sem camisa na minha frente.

O Coração do Virgem Nunca AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora