Reflexões

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Depois daquela cena do pai do Matheus praticamente deixando claro que se atraiu pela minha tia, eu decidi voltar pra dentro, e não ficar mais na porta só "espiando" eles.
Me larguei no sofá da sala e suspirei bem forte. Fiquei assistindo algumas coisas aleatórias que passavam na TV, e depois de uns minutinhos, o Miguel e a tia voltaram da padaria, com algumas sacolas na mão.

Só observei eles passando pela sala e voltei meus olhos pra TV. E então, o Matheus e seu pai entraram pela porta. Obviamente Matheus foi o quê se jogou ao meu lado, quase querendo me sufocar, e seu pai começou a olhar ao seu redor, parecia estar "julgando" a aparência interna da casa, com o olhar.

John: Ahh- SAÍ, MATHEUS!

Matheus: QUE SAUDADES, MEU AMOR! Me dá um beijo! — Ele fez um biquinho.

John: Não.

Matheus: Nossaaaaa... Acordou com o pé esquerdo hoje?

John: Você tá me matando!

Matheus: De amor, né?

John: NÃAAAOO--

Ele começou a rir muito, e me soltou. Suspirei em "alívio" e percebi que o pai dele ainda estava no mesmo lugar. Até que minha tia voltou pra sala, parecendo toda confusa, e até perdida. Nem pra frente ela olhava, parecia estar procurando algo.

Maria: Aí-- MIGUEEEEL!

Miguel: OI! — Pude ouvir ele gritar de uma distância imensa, como se ele estivesse bem no fundão da casa.

Maria: VIU MINHA CHAVE?

Miguel: QUÊ?

Maria: MINHA CHAVE!

Miguel: QUE CHAVE?

Maria: A-- Esquece.

Ela andou mais um pouco e percebeu eu e Matheus no sofá, quase sufocando um ao outro. Ela fez aquela cata confusa, julgando nós dois com os olhos. Matheus fez um joinha pra ela, e a mesma não respondeu como deveria, obviamente. Virou seu corpo pra frente, mas de alguma forma ela parecia meio despesa no olhar, que aparentemente não notou a presença de mais alguém ali no cômodo.

Pra ficar bem claro, ela não chegou a esbarrar no pai do Matheus, mas por bem pouco, e isso deve ter causado um clima estranho. Minha tia olhou pra ele assustada, e logo se desviou, saindo pela porta.

Olhei pra Matheus, e ele não parecia ter achado a situação suspeita nem nada, apenas alertou o pai pra não ficar "no mundo da lua".

Matheus: Saí do meio da casa, doido. Senta ali. — Ele apontou pra o sofá da frente.

Por incrível que pareça, o pai dele obedeceu. E seus olhos grudaram na TV. Aproveitei que a distância de um sofá pro outro era razoável, então ele não escutaria nada se eu cochicasse, eu espero. Então cochichei.

John: Matheus...

Matheus: Quê?

John: Acho que seu pai tá afim da minha tia... — Ele me olhou com uma cara confusa, além de muito assustada — Disfarça!

Matheus: Por que você acha isso?

John: Quando vocês dois tavam lá fora, ele grudou os olhos nela...

Matheus: Ah, mas isso não quer dizer nada... Talvez ele só... sei lá, olhou pra ela.

John: Olhou de um jeito bem diferente pra mim.

Matheus: Credo, louco... Nem brinca com isso, esse casal não pode acontecer...

John: Por que não? Não que eu queira que aconteça, tanto faz pra mim--

O Coração do Virgem Nunca AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora