Medo Bobo

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Matheus sempre foi de dizer que eu sou a primeira pessoa que realmente está fazendo ele feliz, ou coisas assim, mas... Por que eu? Na minha percepção, sou apenas mais um homem aleatório que veio ao mundo, com a imensa necessidade de uma terapia, mas também sou bastante procrastinador.
As minhas paranoais também insistem em dizer que ele só pode estar comigo por mais nada além de dó. E até que isso faz um pouco de sentido, já que ele viu o quanto eu "sofri" a maior parte da minha vida. Suspirei, inspirei, expirei... E fechei meu rosto. Cruzei meus braços e colei meus olhos na TV, pensando.

Depois de longos minutos, senti um peso ao meu lado no sofá, e era Matheus se sentando. Olhei pra ele de canto, e ele olhava pra TV. Não passou nem 10 segundos...

Matheus: NOSSA, eu amo esse programa!

A minha vontade de conversar era zero, porém eu não poderia deixar ele no vácuo dessa maneira. Na verdade, deixar ele no vácuo soaria menos grosseiro. Voltei meus olhos para o eletrônico e suspirei alto.

John: Ah, é? — Minha voz saiu sem emoção, quase não saia pra ser sincero.

Matheus: É. Você já assistiu?

John: Mhm.

Apenas assenti com a cabeça e eu já sabia que ele tinha notado algo de errado, e percebi isso pelo fato dele ter ficado em total silêncio, igual eu. Matheus em silêncio é sinônimo de problema.

Matheus: O quê aconteceu?

Eu já sabia que ele perguntaria isso.

John: Quê? — Decidi olhar para ele novamente.

Matheus: O quê foi?

John: O quê foi o quê? Nada.

Matheus: Você não disfarça muito bem, sabe?

John: Não tô te entendendo, tô normal.

Matheus: Não tá. Me fala o que aconteceu pra você tá chateado assim.

John: Não tô chateado.

Matheus: Tá sim.

John: Não tô!

Revirei meus olhos e desviei meu olhar. Pude ouvir Matheus soltar uma risadinha nasal, quase no deboche, mas continuei a ignorar.

Matheus: John, olha nos meus olhos--

John: Matheus, não é nada!

Matheus: John, olha nos meus olhos e diga que você não quer conversar.

Eu olhei sim nos olhos dele, mas não para dizer isso. Fiquei em silêncio.

Matheus: Você pode ser sincero comigo.

John: Não aconteceu nada.

Agora ele quem desviou o olhar e soltou um suspiro. Sua cabeça virou pra frente, em direção ao outro sofá, onde seu pai ainda estava, e voltei a olhar pra televisão. Nem adiantou, logo senti Matheus me dando uma cotovelada. Ignorei. Ele repetiu a ação.

John: Que foi--

Matheus: Ele falou alguma coisa pra você? — Cochichou.

Já era óbvio de quem ele estava se referindo.

John: Não.

Matheus: Certeza?

John: Sim.

E ele simplesmente levantou do sofá, seguido de um suspiro. Meus braços continuaram cruzados e eu não fiz nada, além de continuar pensando demais, com a cara emburrada, olhando pra TV, quase no mundo da lua sinceramente.
Uns minutinhos se passaram e Matheus voltou pra sala, mas chamando o pai dele "pra conversar". Quando eles sairam, olhei disfarçadamente pra fora do cômodo e notei os dois entrando no quarto do Miguel, e fechando a porta.

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⏰ Última atualização: Jul 09 ⏰

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O Coração do Virgem Nunca AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora