Segredos

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Aproximei um pouco mais a minha cadeira, ainda apertando a mão dele. Cheguei bem perto de seu rosto, e disse em um sussuro:

John: Você não precisa ter medo de dizer as coisas pra mim, tá?... Você pode gritar se quiser soltar tudo pra fora... Esses eventos já passaram, mas a sua dor ainda está aí... Mas não se preocupe, porque vai ficar tudo bem, tá bom?...

Matheus: Eu... — Ele fechou seus olhos, fazendo as lágrimas transbordarem. Ele os abriu novamente, e me olhou com sua expressão toda machucada — Eu não sinto que vai ficar tudo bem... Eu... Ele já fez mais que isso... Eu sinto como se perdesse uma parte de mim sempre que eu ao menos lembre do rosto dele!

John: Calma... Tá tudo bem! Ele não tá mais aqui...

Matheus: Mas e se ele voltar?!... Ele nem se quer veio pro enterro da minha mãe! — Fungou o nariz — Dependendo de onde ele está... Talvez ele nem soube do que aconteceu... Mas mesmo se soubesse, ele nunca ligou mesmo...

John: Matheus... Ele não vai voltar! Por que ele voltaria?!

Matheus: Exatamente por isso! Eu não sei, ele pode aparecer a qualquer hora, querer algo de mim...

John: Não.. Se alguma coisa acontecer, a gente pode resolver com calma... Mas, eu só queria que você confiasse mais em mim... Pra me contar o quê sente! Eu tenho certeza que você tem muita coisa pra dizer...

Matheus: Eu confio em você, eu só... Não consigo... Não consigo... — A cabeça dele caiu pra baixo. Eu usei minha outra mão e levantei seu queixo — Sempre que tocam em assuntos assim, eu já lembro do meu pai! E eu sei que existem muitas pessoas como ele por aí... Não que seja o seu caso, mas algo me impede...

John: Hmm... Olha, você já leu o livro "O Pequeno Príncipe"?

Matheus: Não...?... N-não que eu me lembre...

John: Tem uma frase nesse livro que diz: "É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou"...

Ele simplesmente não disse nada. Seus olhos se encheram mais. Sua cabeça caiu mais uma vez e eu soltei uma de suas mãos, que eu ainda estava segurando antes, e coloquei minhas duas em seus ombros... Aliás, ele ainda estava sem camisa, a manhã inteira até agora... E acredito que o resto do dia também... Não estou reclamando.
Passei minhas mãos por sua clavícula, subindo para seus ombros. Em seguida, coloquei meus braços em volta do pescoço do mesmo e o puxei para um abraço. O abraço foi retribuído, mas não durou tanto, porque Matheus mesmo que o quebrou.

Matheus: Eu não queria que você duvidasse... — Ele soluçou — Duvidasse da confiança que tenho em você... Eu não sabia--

John: Ei, calma... Tá tudo bem, amor...

Matheus: Não... E-Eu... Eu fui um hipócrita... Você sempre se abre pra mim... E eu... Fico com esse drama!

John: Não é drama! Aliás, não era nem esse assunto mesmo que eu queria tratar antes... Por mais que seja algo importante, e foi bom ter conversado sobre isso, pelo menos um pouco...

Matheus: Eh?... O quê é...?

John: Eu... Tava sentindo como se... Você não estivesse recebendo o suficiente...

Matheus: Como assim?...

John: Sentia como se eu não desse o suficiente pra você! De amor... Carinho...

Matheus: Não... — Ele balançou a cabeça, desesperadamente — Isso não é verdade, eu sei que você não é do tipo romântico, mas tá tudo bem...

Continuei com minhas mãos em seus ombros, e me aproximei mais, deixando nossos rostos bem próximos... Eu não quebrava o contato visual.

John: Não mente pra mim... Você tá diferente sim... Você parece cansado...

O Coração do Virgem Nunca AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora