A Droga do Amor

62 9 66
                                    

Estávamos no quarto, trancado, a poltrona impedindo a porta de ser aberta... Mas qualquer barulhinho já daria merda, então permanecemos imóveis.

Daniel: CALA BOCA, SEU CEGO!

Gustavo: Te manca, garoto.

Daniel: Eu já mandei você calar a sua boca, e não falar comigo.

Gustavo: Eu nem quero mesmo.

Daniel: Quem?

Gustavo: TE PERGUNTOU!

Daniel: Você tem doença?

Gustavo: É genética.

Daniel: Ainda bem que você é adotado.

Que diálogo é esse? Não sei, mas mesmo diante a situação que eu estava, eu tentava não rir daquela conversa extremamente educada.

Daniel: Vai, pega logo o quê você queria.

Gustavo: Tá... — Silêncio — Não tá aqui-- Você viu o carregador?

Daniel: Que carregador? O seu?

Gustavo: É, né! Por que eu taria procurando o carregador de outra pessoa?!

Daniel: Sei lá, você é escravo.

Gustavo: Mano! Você viu?!

Daniel: Deve tá lá no quarto do Miguel, vai lá.

PUTA QUE PARIU??? Eu e Matheus arregalamos nossos olhos e eu já imaginava a situação indo por água a baixo! Imagine a vergonha, misericórdia... A gente não deveria ter feito isso, não deveria! Meu Deus, eu estaria na igreja a essas horas.
Olhei pra maçaneta da porta e ela de movia pra cima e pra baixo, e agora eu nem tava mais suando pelo momento íntimo, e sim pelo momento que pode acontecer se essa porta por algum milagre decidir abrir.

Gustavo: Ué... A porta tá trancada!

Daniel: Quê?

Gustavo: Tá trancado, surdo.

Daniel: Oxi. Deixa eu ver. — A maçaneta se moveu de novo — O Miguel deve ter vindo aqui e trancar.

Gustavo: Mas fomos os últimos a sair daqui.

Daniel: Ele pode ter voltado depois, bobão.

Gustavo: Mas eu não vi ele saindo lá do salão.

Daniel: Você não vê nada mesmo.

Gustavo: Meu Deus-- ele tava com os amigos dele, não desgrudou um segundo daquela galera toda.

Daniel: Só se tiver alguém aí dentro, né? – Ele começou a bater na porta — Alôooo!

Gustavo: Alguém aí pediu assalto com direito a refém?

Daniel: Que--

Gustavo: Você é burro?! Quem taria aí dentro, só se for o Papa.

Daniel: Vai saber, né? Tava todo mundo lá na festa?

Gustavo: Acho que sim... A Júlia e o namorado tavam, o John tava?

Daniel: Sei lá, nem vi ele.

Gustavo: É, aí ele tá dormindo aí dentro.

Daniel: E pra quê ele trancou a porta só pra dormir... Viiishh...

Gustavo: Iiihh, mó baitolice isso aí.

Daniel: Para de ser idiota, a luz tá acesa!

Gustavo: JOOHNN! — Ele voltou a bater na porta, em sarcasmo — ABRE AQUIII!!!

O Coração do Virgem Nunca AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora