"Melhor Eu Ir"

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A festa até que não estava tão ruim. Eu e Matheus estávamos em nosso cantinho, apenas conversando, comendo, bebendo... Uma hora, ele levantou e ficou com uns outros primos e até tios meus que eram tão sociáveis quanto eles. Eu não me enturmei, já que nunca me enturmo... Só fiquei no meu lugarzinho, sem estresse. E nem me incomodo, Matheus é do tipo de não aquetar o cu na cadeira em nenhum lugar, e ele também não é obrigado a grudar em mim só porque não gosto de socializar...

Depois de já alguns minutos sozinho, aquela minha prima voltou mais uma vez, se sentando na minha frente na mesa.

Larissa: Oiê, tá sozinho por quê?

John: Me deixaram.

Larissa: Ah... Aquele seu amigo te "abandonou", foi? — Ela riu — Qual o nome dele mesmo, Matheus?

John: Sim.

Larissa: Hm... E ele mora na capital também?

John: É. Aliás, você ainda mora lá?

Larissa: Mhm, mas tô morando na zona oeste. Você é da sul, não é?

John: Sim.

Larissa: Então... E ele parece ser mais velho que você, quantos anos ele tem?

John: Na verdade ele é mais novo. Ele tem 28.

Larissa: Eh, ele tem cara disso mesmo... É você que só tem uma carinha de bebê, o quê faz todo mundo parecer mais velho.

Apenas deixei sair uma breve risadinha educada e não disse mais nada. Tudo o que Matheus disse antes já estava sumindo da minha cabeça. Sim, talvez eu não seja o cara atraente para as mulheres, mas ele é, e isso faz ele puder ser tirado de mim igual uma pérola sendo arrancada de uma concha, deixando um vazio imenso.

Já pude notar minha visão lentamente se embaçando, a lágrima se formando no meio de tantas paranóias, mas eu não choraria... Não ali.

Larissa: John? O quê foi?

John: Hm? — Limpei meus olhos — Nada não...

Larissa: Tem certeza? Você tá chorando?

John: N-Não, eu... É só um cisco, — Levantei imediatamente — Eu vou no banheiro.

Terminei de passar a mão no meu rosto, e realmente fui ao banheiro em seguida. Cheguei lá, tranquei a porta e lavei meu rosto...

Isso não vai funcionar, e é do relacionamento mesmo que eu tô dizendo. Nem tem como funcionar... O Matheus é basicamente o cara que tem que viver em baladas, e eu não o proibiria disso, não tenho ciúmes, é só a insegurança, me domina... Me sinto insuficiente, qualquer pessoa pode ser mais atraente pra mim, e ele é atraente pra todos, então um relacionamento não seria impossível entre ele e a mulher mais bonita do mundo. Ou o homem... Que obviamente não sou eu.

Agora eu me sinto destruído. Eu sei que as palavras dele me tocam de uma forma inexplicável, e são tão verdadeiras, mas não tenho certeza se vai funcionar, e às vezes sinto que a culpa é minha também. Ele sempre tenta levar as coisas na calma, e a maioria das vezes eu me estresso, venho com meus dramas... Eu só não fui feito pra ele, e ter que pensar e aceitar isso dói.

Apoiei minhas mãos na pia e abaixei minha cabeça, deixando as lágrimas escorrer, e eu nem precisava "chorar em silêncio", já que a música tocando do lado de fora não deixaria ninguém escutar nenhum choramingo se quer. Meu peito ardia tanto, como se eu tivesse sentindo a pior dor do mundo... O quê mais me perturba é eu ter ficado nesse estado por um só pensamento... Eu só acho que me apeguei muito ao Matheus, e o pensamento de ter que o ver ir algum dia, faz eu querer gritar.

O Coração do Virgem Nunca AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora