Dois Rios

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Chegamos no condomínio, e bom que o porteiro tem um bom coração pra deixar eu entrar com carro no estacionamento do prédio, senão ficaria na rua mesmo. Pegamos as coisas no carro e entramos. Logo de cara consegui ver o famoso elevador já em obra... Deus ouviu minhas orações! Mas ainda sim, tivemos que subir todas as escadas, já que não estava pronto ainda...

John: Tá com fome?

Matheus: Não, tô de boa...

John: Tem certeza?

Matheus: Mhm, fica tranquilo...

Não tem como ficar tranquilo! É como se estivesse lendo os pensamentos dele só olhando em seus olhos, e eu garanto que o quê está passando na mente dele nesse momento não é algo bom... A expressão dele também dizia isso.
Matheus se sentou no sofá, e fechou seus olhos. Eu decidi não interferir nisso, apenas avisei que tomaria um banho, e se ele quisesse também em seguida, podia ficar a vontade.

Entrei no chuveiro e por mais um pouco, eu ficaria ali o resto da tarde... Eu não posso deixar a pessoa que me faz mais rir ficar triste! Por mais que a dor dele seja válida, e o momento que ele está passando não seja nada fácil, mas... Seria uma boa ideia animar ele de alguma forma... Agora como?
Saí do banheiro, coloquei uma roupa qualquer. Matheus foi pro banheiro depois de mim. Nesse meio tempo, coloquei as roupas da viagem pra lavar e foi um alívio enorme chegar na cozinha e ela estar arrumada... Ainda bem que arrumei tudo antes de viajar, me sinto até melhor.

Bom, ele não estava com fome, mas EU estava! E agora pra minha infelicidade não tinha comida... Tinha umas besteirinhas, mas eram o tipo de besteira que não enche barriga, então... Que pena, vou ter que cozinhar.

Enquanto eu fazia a comida, Matheus saiu do banheiro. Continuei na cozinha na maior vontade, só que não, já que eu odiava cozinhar, mas era obrigado a isso, senão eu passava fome. Em um momento, senti suas mãos na minha cintura. Dei um pulo em susto até minha mente voltar a processar de que Matheus estava lá e provavelmente era ele, obviamente na verdade. O mesmo colocou seu queixo em meu ombro, me abraçando por trás.

John: Que susto!

Matheus: Você tá cheiroso...

John: Eu sempre tô cheiroso.

Matheus: É... — Ele se afastou, indo por meu lado — Quer ajuda?

John: Sim. Toma, corta as cenouras.

Matheus: Nossa... Nem um 'por favor' antes?

John: Por favor...

Matheus: 5 reais.

John: Tá barato ainda.

Matheus: Eu quis dizer 5 mil...

John: Aí você tá pedindo demais, meu bem.

Matheus: Awwww!! Que fofo, você sendo carinhoso!

John: Tô sendo sarcástico.

Matheus: Aff...

A gente acabou rindo juntos e sim, cozinhamos juntos também. Isso é romântico...? Não importa se não for, pelo menos não fiz tudo sozinho.
Quando finalizamos, a gente foi pra sala e comemos lá mesmo, assitindo Netflix, não tem coisa melhor que isso...? Pra quem não estava com fome, ele comeu na verdade a mesma quantidade que eu! Depois disso tudo, pratos na pia, depois lavo! Peguei um cobertor no quarto e voltei pro sofá. Me sentei ao lado de Matheus novamente e ele encostou sua cabeça no meu ombro, coloquei meu braço em volta de seu pescoço, acariciando seu cabelo, enquanto ainda assistíamos TV, em silêncio...

Sem que eu ao menos perceba, já era 21h00. Matheus estava agora com sua cabeça deitada no meu colo, e dormindo, aparentemente. Me inclinei um pouco pra frente, para conseguir ver seu rosto, e ele dormia mesmo. Chegava a ser tão fofo... Continuei passando minha mão pela sua cabeça, e coloquei seu cabelo um pouco pro lado, me inclinando pra baixo e dando um beijinho na testa dele.

O Coração do Virgem Nunca AmadoOnde histórias criam vida. Descubra agora