Capítulo 3

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Severus

Observei as chamas da lareira tremeluzirem em um ritmo calmo e constante, apagando aos poucos devido à falta de combustível para queimarem. Um sinal que eu já estava nessa posição a muito tempo. Suspirei, tomando o último gole do Firewhisky que tinha colocado no copo. Já fazia uma semana desde o fim da Batalha de Hogwarts e eu ainda não tinha ideia do que fazer. Durante anos minha vida foi obscurecida pela nuvem negra que era esse papel de espião que Dumbledore me impôs. Durante anos eu vivi apenas por esse propósito e agora... acabou. Estou finalmente livre e não tenho a mínima ideia do que fazer. Claro, agora teria tempo para fazer as pesquisas que tanto queria como Camila muito bem disse.

Camila.

Quando comecei a chamar ela pelo nome? Ah, sim. Foi a cerca de cinco dias quando percebi o que ela quis dizer antes de desaparecer pela primeira vez. O garoto Potter não se ressentiria ela disse. De fato, ele não o fez. Ele agradeceu. Quando eu curei a mordida da cobra e subi para o Salão Principal pronto para enfrentar os olhares de ódio e desgosto da população de Hogwarts, eu encontrei algo diferente, no entanto. Eles estavam me olhando sim, mas com surpresa e admiração. Como eles podem ter mudado de opinião tão rápido você me pergunta. O herói deles, o menino-que-sobreviveu, fez um discurso cerca de uma hora antes da minha aparição. Ele disse o que achou pertinente para que os alunos entendessem o que eu estava fazendo e porquê. Não revelando nada mais do que o necessário sobre meu passado. Um grifinório de coração puro, de fato. O garoto impediu que os aurores me levassem e Minerva, agora a nova diretora, permitiu que eu voltasse ao meu cargo de professor de poções e de Chefe de Casa. Posso não ter demonstrado, mas estou feliz que ela o fez. Hogwarts foi e sempre será minha casa.

Além disso, também faz uma semana desde a última vez que a mulher misteriosa apareceu. Como um furacão ela surgiu, fez uma bagunça na vida das pessoas, apenas para não dizer na minha, e sumiu. O que me surpreende sobre ela é o fato dela ter dito, com tanta convicção, que eu, apesar de tudo, merecia ter tempos de paz e que não, eu não iria apodrecer em Azkaban. Uma mulher que sumiu tão rápido quanto apareceu, que só tinha uma coisa em mente quando apareceu aqui, salvar quatro pessoas. Sendo eu, uma delas. Durante a organização do Salão Principal em uma enfermaria temporária, tive a oportunidade de observar os Gêmeos Weasley, sua dinâmica depois de um evento tão traumático. E sim, ela tinha razão novamente. A perda seria insuportável. Assim como Tonks e Lupin estavam radiantes em segurar seu filho novamente, felizes por estarem vivos e terem a felicidade que mereceriam. Por esse motivo eu acreditei que poderia ter uma segunda chance.

Me levantei da poltrona que adotei como favorita, descansei o copo de Whisky vazio na pequena mesa de centro ao lado e caminhei até meu quarto com o objetivo de descansar. A mulher me deixou com tantas coisas para pensar que eu tenho tido dificuldade de dormir, mais do que era comum para mim e eu me recuso a tomar qualquer tipo de poção para dormir. Detesto a sensação de não conseguir controlar meu corpo em plena capacidade, minhas reações ficam insuportavelmente lentas.

Minerva dividiu o corpo docente e estudantil em grupos para que a reconstrução de Hogwarts seja mais rápida e eficaz. Fiquei responsável pelo preparo de poções para a enfermaria e com a reconstrução do sétimo andar. Ao chegar no respectivo andar, pude ver um mar de destroços por todo lugar. Atrás de mim estava, coincidentemente, o gêmeo Weasley, Lupin e Granger.

- Argh. - Pude escutar um gemido ao me aproximar dos destroços - Porra, por que eu sempre apareço no chão? - Uma voz muito familiar resmungou.

- Srta. Signac. - Ao escutar minha voz a cabeça da mulher de cabelo castanho levantou.

- Severus. - Um sorriso sem graça adornou seus lábios finos e rosados. De novo, meu nome saindo de seus lábios com tanta facilidade.

- Ei! É o auror que eu disse que ajudou o Professor Lupin! - Fred disse, e ao escutar isso uma sobrancelha minha se ergueu para Camila que desviou o olhar como uma criança pega fazendo algo errado.

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