Camila
Meu Deus. Meu Deus! Eu chorei na frente dele. Eu só posso ter ficado maluca. Bom, talvez eu tenha ficado... ou eu sempre fui.
Enfim, assim que eu voltei ao pequeno apartamento que comprei em Paris, quando eu era uma universitária e não tinha muitos escrúpulos sobre em que gastava o dinheiro dos meus pais, me aprecei para visitar minha mãe. Minha mãe, Adele Leclerc, conheceu meu pai enquanto trabalhava numa empresa francesa de cosméticos, logo se tornando uma sócia da empresa de fármacos do meu pai. Então, dinheiro não foi um problema durante o divórcio.
Minha mãe comprou uma casa na França, mas eu nunca tive a oportunidade de visitar. Sendo minha primeira vez vendo-a depois de bastante tempo eu pensei que seria um incômodo, que minha presença a deixaria desconfortável, mas como eu estava errada. Adele, nunca mudou. Ela continuava brilhante, seus olhos cor de mel um pouco mais claros que os meus mostravam que ela estava radiante em me ver, como se nunca tivéssemos deixado de ser próximas. Eu estava envergonhada de pensar que minha mãe poderia ter se tornado insensível. Ela estava tendo problemas em passar pelo pior momento da vida dela e precisava de tempo, ela precisava de espaço, ela pode não ter usado a melhor opção naquele momento, mas foi necessário. Ela comprou essa casa, se afastou da empresa, e começou a cultivar o jardim mais bonito que eu já vi. Claude Monet que se revire no túmulo.
Tomamos chá e jogamos conversa fora. Eu a escutei falar de como estavam as coisas na vida dela, dessa vez respondendo como estava a minha. Comentei sobre o trabalho e como estava sendo difícil, contei um pouco mais sobre minha melhor amiga e se tinha encontrado alguém, quando eu confirmei que estava gostando de alguém seus olhos brilharam em excitação. Eu tinha esquecido como era fácil conversar com ela e a culpa cresceu e apertou meu peito ainda mais. Até que eu tive a coragem de perguntar o porquê ela não falava de Myra.
Seus olhos curvados de felicidade se moldaram em olhos tristes e cansados, eu senti como se tivesse jogado todo o esforço que ela fez para ser feliz pela janela. Ela então me contou que a algumas semanas começou a ver um psicólogo. Que estava aprendendo a lidar com a ausência não de uma, mas de duas filhas, ela pode não ter dito isso, mas eu pude sentir que ela também sentia minha falta. É meu trabalho ler as entrelinhas, afinal. Antes mesmo dela terminar de contar eu já estava chorando e a abraçando implorando que ela me perdoasse.
- Eu sinto muito - supliquei entre soluços.
- Está tudo bem - ela respondeu com sua voz doce e uma mão no meu cabelo. - Eu também não agi da melhor forma.
Nós choramos e nos consolamos naquela tarde. Eu deveria ter me sentido melhor depois de ter ido dormir naquela noite, mas a culpa estava me comendo viva. Eu não conseguia suportar, então eu peguei um dos copos de Firewhisky de Severus tomei dois goles e entrei em um estado de transe sem me mexer pôr o que deve ter sido horas. Até o homem que tenho criado sentimentos aparecer com sua presença reconfortante, sua voz grave me fazia derreter sem ele precisar dizer mais que duas palavras, seu cheiro amadeirado misturado com um leve aroma de ervas devido à exposição constante aos ingredientes de poções era como calmante para meus nervos. Eu sempre achei incrível que não importava o ingrediente, se ele era gosmento ou mal cheiroso, Severus nunca ficava com nada além de um agradável aroma ao terminar uma poção. Quando ele não disse nada, apenas me deu tempo e espaço para me abrir eu não aguentei e contei o que tinha acontecido. Percebendo meu estado ele se aproximou e envolveu seus braços incrivelmente fortes ao meu redor me permitindo molhar suas vestes imaculadas com minhas lágrimas. Eu estava em êxtase naquele momento, foi quando eu finalmente relaxei e cedi ao sono.
Apenas para acordar na cama dele e começar a ter uma crise existencial por passar vergonha na frente do homem que eu gosto. Na verdade, eu sempre tive um carinho pelo personagem, suas tiradas sarcásticas sempre deixavam os diálogos mais interessantes, ele podia ser bem frustrante, quando era injusto e muitas vezes mesquinho, mas definitivamente incrível. Agora que posso realmente conhecê-lo e interagir com ele o sentimento se desenvolveu. Severus se tornou uma pessoa querida para mim em um tempo muito curto, chegando a ser assustador. A forma como sua opinião e aprovação se tornaram importantes para mim, o modo como eu almejava sua presença quando estava longe era desconcertante. Deus, estou perdida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Rewrite the story
FanfictionCamila Signac uma detetive londrina e fã fervorosa dos livros de Harry Potter, acorda num chão de pedra em meio a uma confusão de sons. Explosões. Colisões. Gritos. Tremores. Nada fazia sentido até ela encontrar um certo ruivo e descobrir onde real...