Camila
Acordei sem sentir dor alguma, o que era estranho já que não fazem nem dois dias que eu fui ao hospital colocar os pontos na ferida. Meu chefe babaca, Vincent Fallon, decidiu que era uma boa ideia me avisar que eu estaria em uma missão apenas um dia antes sendo que a equipe escolhida teve uma semana para se preparar. E eu sei que não foi por que eles precisavam de alguém de última hora. Não, eu fui selecionada desde o começo, mas o filho da puta se recusou a me entregar os documentos. Resultando em mim sendo emboscada por um dos criminosos e ganhando um corte profundo. Se nosso sistema fosse menos corrupto eu o denunciaria por negligência, mas isso não vai acontecer. Pois esse idiota só continua no poder por causa dos políticos que o querem lá, o pagam para estar lá e livrar seus filhos delinquentes de suas furadas, apenas para não dizer drogas, homicídios e estupros.
Quando tentei me levantar da cama, um potinho de metal rolou por cima de mim e caiu no chão, eu me abaixei para pegar, me surpreendendo novamente com a falta da dor. Que estranho, parecia o bálsamo que Madame Pomfrey me entregou na enfermaria, mas isso era impossível, certo?
Balancei a cabeça em negação, deve ser outra coisa que eu não me lembro o que é. Quando me dirigi ao banheiro para trocar o curativo, entrei em choque. Ele não estava mais lá. A ferida não estava mais lá, no lugar dela estava uma cicatriz quase imperceptível. Como isso pode ter acontecido? Eu tenho total certeza que fui ferida, a cirurgia que fizeram em mim provava isso, mas então eu sonhei que voltei a Hogwarts depois que fui liberada do hospital e que Severus me levou a enfermaria para Madame Pomfrey curar meu machucado e ela o fez. Mas era um sonho, como eu posso estar curada se era um sonho? Até que as palavras que Severus me disse antes de eu ir embora. Um núcleo mágico. Eu tenho um grande núcleo mágico que está sendo sobrecarregado, como se ele fosse novo por ainda não ter ocorrido magia acidental e velho por já ser tão grande. Puta merda, como isso é possível? Eu estou transitando entre duas realidades completamente diferentes?! Isso é insano!! Deus, preciso de um banho frio para acordar dessa loucura. Devo estar enlouquecendo para pensar que magia podia ser real e que eu realmente havia entrado no universo dos meus livros. É, só pode ser isso.
No dia seguinte, entrei na delegacia com a cabeça erguida. Não me deixaria intimidar por um homem que não sabe o que significa ser profissional, nem por todos os outros oficiais que tem problemas com sua masculinidade. Sentei na minha mesa e comecei a trabalhar normalmente. Podia sentir os olhares que estavam perfurando a minha nuca. Olhares surpresos posso adivinhar. Eu tinha uma semana de licença, mas eu não aguentaria ficar em casa, eu ficaria pensando em Hogwarts e no mundo mágico e acabaria surtando. De novo.
- Camila – escutei a voz suave da minha melhor amiga. Ao mudar meu foco do computador para a mulher a minha frente eu pude perceber a preocupação em seus olhos cor de chocolate.
- Bom dia, Kris! – A cumprimentei alegremente, por um momento esquecendo de todos os meus problemas para focar na ruiva a minha frente.
- Não vem com essa – retrucou me lançando um olhar cortante, nada feliz por eu estar trabalhando. – Você deveria estar em casa! Descansando!
- Eu estou bem, sério – tentei a tranquilizar, mas seus olhos furiosos e semicerrados me diziam que ela não acreditava em mim nem um pouquinho.
- Você quase morreu! – Ela sussurrou entre dentes, tentando manter a voz baixa – Perdeu uma quantidade de sangue que poderia ter colocado seu sistema em choque! – Continuou, me fazendo encolher. Eu estava ciente que havia sido um ferimento grave, eu precisei entrar na sala de cirurgia por causa de uma hemorragia afinal. Mas o que podia fazer? Dizer a ela que minha ferida sumiu magicamente? Que eu podia ser uma bruxa? Ou que estava ficando louca? Tenho certeza que nada disso me ajudaria a me esquivar de sua fúria e superproteção nesse momento.
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Rewrite the story
FanfictionCamila Signac uma detetive londrina e fã fervorosa dos livros de Harry Potter, acorda num chão de pedra em meio a uma confusão de sons. Explosões. Colisões. Gritos. Tremores. Nada fazia sentido até ela encontrar um certo ruivo e descobrir onde real...