Capítulo 17

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Estava sentado no meu escritório analisando alguns trabalhos que os alunos do quinto ano haviam entregado quando ouvi uma batida na porta.

- Entre – respondi sem realmente tirar o olhar dos papéis. 

- Professor – Zabini disse assim que pôs a cabeça para dentro do meu escritório.

- Feche porta depois de entrar, Sr. Zabini – pedi, num tom suave.

O garoto parecia estranhamente nervoso, sua postura estava anormalmente curvada mostrando o quanto sua confiança estava abatida. Ao se virar para me encarar, ele parou e continuou em pé esperando que eu dissesse alguma coisa. Observando suas feições mais de perto pude perceber as olheiras que mesmo em sua pele negra estavam bastante visíveis. Ele também estava começando a ficar ansioso pelo meu silêncio e meu olhar escrutinador.

- Sente-se – pedi e ele o fez, depositando sua bolsa ao lado da cadeira.

- Você queria conversar algo comigo, senhor? – perguntou em uma tentativa de acelerar a conversa, imagino.

- Sim, como você bem sabe Sr. Zabini, eu venho há anos tentando ajudar os alunos da minha casa da forma que posso, principalmente os mais novos. Contudo, não me lembro de tê-lo em minha sala nenhuma vez desde que tinha onze. Talvez por medo ou por realmente não precisar, mas agora é uma situação diferente. Então, me diga Blaise, o que está acontecendo? – Ao escutar a minha pergunta pude perceber que ele começou a brincar com os dedos para tentar se ocupar de alguma forma. 

Ele não falou de início, mas eu aguardei pacientemente até o momento em que ele criasse coragem para me dizer o que estava acontecendo em sua vida, para pedir ajuda. E muitos minutos se passaram sem que ele me dissesse nada, estou surpreso por conseguir manter a calma por tanto tempo. Acho que ter Camila testando minha paciência pelos últimos três meses tem me feito algum bem.

- Eu... estou sozinho em casa – ele começou, sua voz muito baixa. Talvez eu nem a escutasse se tivesse alguns metros mais distante. – Minha mãe foi presa e levada para Azkaban como os outros Comensais da Morte e eu acabei ficando sozinho. E mesmo que minha mãe não fosse muito capaz como, bem, mãe, ela ainda era um tipo de companhia. Foi difícil me manter de pé nos últimos meses, eu não tinha minha varinha, então não podia estudar ou praticar. Eu tinha poucas coisas para me distrair já que não podia ver meus amigos. Eu tenho tido pesadelos sobre... a marca. O que tem me impedido de dormir a maioria das noites – ele parecia completamente exausto e derrotado.

Eu precisei conter um suspiro ao ouvir os acontecimentos. Ele era apenas um garoto, um garoto sem nenhum tipo de apoio emocional. Eu tive a oportunidade de encontrar Lady Zabini algumas vezes e foi um tanto de um desprazer. A mulher tinha um brilho perigoso nos olhos, assim como Bellatrix, mesmo que não fosse um brilho insano como o da última, ainda era perturbador. A mulher era conhecida como viúva negra, se casando com inúmeros homens, mas nenhum deles nunca se manteve por muito tempo. Eles iam embora quando percebiam sua loucura? Não, eles acabavam todos à sete palmos sob o solo.

- Já tentou fazer alguma coisa para esvaziar a cabeça? – perguntei, ele negou com a cabeça – Então, acho que posso tentar ensina-lo um pouco de meditação, se não funcionar podemos recorrer a poção sono sem sonhos. Ou até mesmo escrever um diário para ajudá-lo a expressar esses sentimentos – disse seriamente. – Acho que podemos marcar nossos encontros para...

Eu não consegui terminar minha fala, pois a porta do escritório foi aberta bruscamente fazendo eu e o menino a minha frente nos virarmos para olhar uma Camila que sorria de orelha a orelha.

- Severus! Eu sou da Sonserina! – Eu não pude evitar a expressão confusa que surgiu no meu rosto, nem olhar para Blaise que me encarou de volta, também muito confuso. – Eu fui falar com Minerva sobre animagia como você sugeriu, que ela aceitou falando nisso, então eu criei coragem para perguntar se poderia usar o chapéu seletor e ela disse sim! Então, ele disse que eu seria da Sonserina! Mesmo que ele tivesse considerado a Grifinória e a Lufa-Lufa. – disse rapidamente, precisando respirar fundo quando acabou. Acho que nunca escutei alguém falar tão rápido. – Ah – ela soltou quando percebeu Blaise sentado na frente da minha mesa – Acho que acabei atrapalhando alguma coisa – comentou com um sorriso amarelo.

- Tudo bem, estávamos acabando – a garanti – Acho que poderíamos nos encontrar as quintas antes do jantar. Sr. Zabini? – chamei quando percebi que ele ainda estava um pouco chocado com a entrada brusca de Camila.

- Huh? Ah, sim. Pode ser na quinta, professor.

- Ótimo – ele então pegou a mochila que havia deixado do lado da bolsa e se levantou.

- Obrigado, senhor – disse ao se dirigir para a porta.

Contudo, ele foi parado no meio do caminho por Camila que olhou bem no fundo dos olhos dele como se estivesse lendo a alma do garoto e acho que ela não encontrou algo muito bom, pois o seu movimento seguinte foi abraça-lo.

- Vai ficar tudo bem, Blaise. Você é forte e seus amigos vão sempre estar lá por você – ela disse. Eu apenas pude ver os ombros do menino tremerem enquanto ele largava a bolsa no chão e a abraçava de volta.

Novamente fazendo algo que eu não seria capaz de fazer. Fico feliz por ter uma parceira que se importe tanto com essas crianças quanto eu me importo.





Olá pessoas!! MDS, vocês não sabem o quão feliz eu tô por essa história ter chegado a 500 leituras e a mais de 80 votos!! Eu não esperava que eu pudesse chegar nisso, jurava que chegaria no máximo a 200 leituras (ou talvez nem isso kk)! Enfim, por estar radiante por essa conquista eu decidi postar um capitulo pequenininho no meio da semana pra vocês. Muitos beijos para todos aqueles leitores que queriam mais que tudo ter mudado um pouco o rumo da histórias que leem assim como a Camila.  😘😘

⭐⭐⭐

Rewrite the storyOnde histórias criam vida. Descubra agora